Se fosse perguntado a alguém, em Santana, pela pessoa de Germacy Queiroz Oliveira com certeza não teria sucesso na procura. No entanto se procurasse por Joãozinho de Zé V8 teria uma resposta positiva, de forma imediata. Oriundo de Pesqueira, em Pernambuco, Joãozinho chegou em nossa cidade, nos idos de 1957, para agregar-se aos irmãos Zuza, Terezinha, Jair e Ivone, estes filhos de dona Irailde.
Reputo Joãozinho como um dos maiores craques de futebol, da época, fazendo parte de um elenco de extraordinários atletas, que levaram nosso glorioso Ipanema Atlético Clube – a melhor equipe futebolística, do estado – ao patamar de tricampeão do interior de Alagoas, nos anos de 1957 a 1959. Visto que o regulamento da época somente permitia a participação dos times da capital na disputa do campeonato alagoano, acredita o torcedor santanense, de então, que se houvesse a inclusão de equipes interioranas no certame, o Ipanema seria imbatível, por conta da qualidade técnica dos seus jogadores. A certeza se deve ao fato de que sempre que as principais equipes da capital (CRB, CSA e Ferroviário – a terceira força) jogavam no Estádio Arnon de Mello não tinham “boa vida” e as derrotas eram quase inevitáveis. Na minha recordação de infância me vem à mente a lembrança de uma goleada do Ipanema de 4x1 sobre o Clube de Regatas Brasil.
Essa histórica fase áurea de nosso esquadrão auriverde teve início com uma equipe mesclada por jogadores considerados “pratas da casa”, tais como Josa, Dézio, Zé Galego, Miguel Chagas, os irmãos Zuza, Jair e Joãozinho, etc. aliados aos “forasteiros”, Tina, Tide Chiquinho, Zezinho, Luiz de Praça, Diomedes, Maleiro, Geraldo Belo, Artur, João Carlos, Catenga, entre outros (quase todos funcionários do DNOCS).
A chegada do DNOCS a nossa cidade oportunizou a criação de empregos formais, fato muito importante por conta da falta de perspectiva de trabalho para a população local. De vez que não havia obrigatoriedade de concurso para admissão ao quadro funcional do DNOCS o chefe, Sr. Sebastião Pereira Bastos (seu Bastos), aproveitou a prerrogativa para selecionar pessoas, de forma espontânea, e nomeá-las como funcionários, cuja especialidade primordial seria jogar futebol. Daí foi conseguida a formação de uma equipe que marcou época. Craques de diversas regiões do nordeste imigravam para cá, com uma constância impressionante.
A hegemonia futebolística foi desfeita quando foi mudada a administração do referido departamento e, concomitantemente, autorizada sua transferência para a cidade de Palmeira dos Índios. Essa mudança de localização do DNOCS causou grande prejuízo a nossa comunidade e se deveu mais por força política do que por estratégia ambiental, até porque Santana do Ipanema, na qualidade de principal cidade do sertão, apresentava maiores condições para administrar as obras para armazenagem dos recursos hídricos.
Em virtude do desmanche da equipe vencedora de outrora, o futebol local entrou em decadência. Os atletas remanescentes se tornaram veteranos e não ousaram admitir o surgimento de uma geração composta de jovens talentosos, dos quais – mesmo correndo o risco de omitir nomes – posso citar Denancy (o mais habilidoso de todos), Jota, os irmãos Manoel, Erasmo e Tião, Bibi, Lau, Zé Roberto, Toninho, Biongo, Audálio, Zé Carneiro, Benedito, Remi, Hélio, Nego Carlos, Homero, entre outros. Com certeza, se fora nos dias atuais, muitos desses estariam mostrando a arte em centros maiores, quiçá em terras mais distantes. A falta de entendimento provocou uma cisão, que resultou na fundação da Associação Atlética Ipiranga.
Finalizo, dedicando esta crônica ao meu velho amigo Joãozinho, um dos poucos remanescentes do tempo de ouro de nosso futebol, que deixou, em data recente, este universo terreno em data recente.
Recife, novembro/2016
SANTANA, TERRA DE CRAQUES
ContosLuiz Antônio de Farias, capiá 02/11/2016 - 13h 01min

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