Ocorrência: Maceió – Cidade Sorriso, Capital das Alagoas –. Ano: Em que Sandoval Caju era Prefeito. Local: (hi...hi...hi...), Cabaré de Jaraguá. Fim de mês, todos lisos, menos o nosso amigo Luiz Neto – de saudosa memória -. Estávamos todos na Boate São Jorge em pleno Cabaré, às tantas da noite; isto é o de menos diante do que vamos narrar agora!...
A “turminha” de Santana na década de sessenta em diante era muito unida, principalmente quando o motivo era falar dos outros em uma boa farra, geralmente no Cabaré de Jaraguá, a única Universidade do gênero em que se valia a pena freqüentar. Estudantes como: Mindinho, Newton, Sílvio (de D. Jandira), estou grifando para não comprometer o nosso querido amigo Sílvio Nascimento, que não tem nada a ver com a história, naquela época ainda engatinhava. Mozart, Mário César (este corria atrás do prejuízo, pois apesar de ser gente muito boa tinha o pavio curto, e geralmente era colocado à deriva...), e outros tantos que me falham na memória. Fazíamos “ponto” no antigo Relógio Central, posteriormente colocaram uma estátua de Mercúrio, com a bunda de fora e outras coisas mais, simbolizando o comércio. (Deveria ser em homenagem a quem compra, pois geralmente se saia literalmente de bunda e bolsos lisos das lojas) Estas ocorrências se davam às noites após o jantar. Fazia parte ainda do grupo, o nosso amigo Luiz Neto que era oriundo de Major Izidoro e grande amigo de Newton. Fizera amizade com grande facilidade com os santanenses. Era proveniente de uma família de fazendeiros, portanto tinha uma situação financeira equilibrada, mas era desmantelado que dava gosto. Para se ter uma idéia recebia uma polpuda mesada, porém só dava para fazer farras. Geralmente encontrávamos o nosso personagem com um tênis “Conga”, lembram-se? Amarrado com um arame qualquer em volta do dito cujo, e a boca do bicho aberta. No inverno era um Deus nos acuda. Mesmo nesta situação a família conseguiu para o rebento um emprego na Rádio Gazeta. Passava o dia rodando os LP’s daquela emissora verificando se tinha algum com problema. Era muita música para ser ouvida, mas creio que era um saco. Era alto, magro, desengonçado; um autêntico “saco de gatos”, mas com um coração do tamanho de um trem. Certa feita nos convidou para uma farra em Jaraguá - por sua conta, é claro -, mais precisamente na Boate São Jorge, aceito de pronto por todos os participantes da futura tragédia. Partimos a pé em direção ao “Campus”. Iniciamos a farra com tudo que tínhamos direito. Era só levantar o braço para pentear os cabelos, que o garçom já vinha com um par de “friinhas” e um prato de tira-gostos. Lá para umas tantas Luiz Neto disse que ia para outra boate conversar com uma namorada fixa que ele mantinha há muito tempo. Concordamos, mesmo porque éramos meros convidados. Isto já passava de uma da matina e aqueles estabelecimentos fechavam invariavelmente às três horas. Continuamos “penteando” os cabelos, até perto do fechamento e nada do retorno do nosso anfitrião. Uma luz vermelha começou a dar sinal em nossas cabeças. A conta estava alta e nossos bolsos, feito a bolsa de São Paulo, em baixa. Faltando uma meia hora para o “tranca” sugeri que cada um fingisse ir ao banheiro e de lá se dirigisse à escadaria (tinha uns 25 degraus) e partissem em direção à praia. Dito e feito foram descendo um a um, só restando o idiota da idéia. Mesa cheia de garrafas e pratos vazios. O garçom de olho na mesa. Aliás, no freguês, que no caso era eu. Quase em cima da hora, os alunos estavam pagando suas contas, e se dirigindo às suas salas de aulas, juntamente com suas respectivas professoras. O quadro docente era composto somente do sexo feminino. Aproveitei que o garçom estava compenetrado em fazer as contas e segui o mesmo caminho dos companheiros de classe. Desci os 25 degraus de três vezes, ainda hoje não sei como consegui fazer aquilo. Quando estava em plena Sá e Albuquerque ouvi uma voz partindo de cima. Era uma voz um tanto ou quanto cavernosa, mas não poderia ser lá de “cima”, pois no lugar onde estávamos não poderia ser de nenhum inquilino do “céu”. Olhei para cima e de fato não era. Simplesmente o garçom estava gritando a todo vapor: “pegue o xexeiro”. Dei uma carreira tão grande que passei dos meus colegas de “classe” justamente ao lado do coreto –ainda hoje existente – na Praia da Avenida.
Dois dias depois é que ficamos sabendo que o nosso personagem havia realmente se encontrado com a sua “namorada” e acabou por dormir em plena aula prática.
Foram muitos meses sem que voltássemos àquela exemplar Instituição de ensino “inferior”. Isto só ocorreu quando fomos informados de fonte fidedigna que o garçom já não mais trabalhava ali.
Luiz Neto faleceu vítima de um acidente automobilístico perto de sua terra natal, onde exercia a função de Escrivão. Que Deus o tenha.
Comentários