ERVAS MEDICINAIS EM EXTINÇÃO

Crônicas

Antonio Machado

Dada a minha vivência no interior por cerca de vinte e cinco anos, e descendente de um dos maiores raizeiros da região, Primo Pinto Júnior, já falecido, passei a observar e conhecer as ervas medicinais do meu município, Olho d’ Água das Flores. O gosto pelo assunto das ervas, levou-me a me aprofundar um pouco mais nos ciclos e efeitos dessas ervas medicinais, outrora encontradas em grande quantidade na região, hoje tão escassas e muitas já em fase de extinção, dada a queima desordenada das árvores.
Cataloguei cerca de mais de cinqüenta ervas e arbustos medicinais ora existentes no município, enquanto que atualmente só resta menos de um quarto dessas preciosas árvores.
Em vista do espaço pequeno que me é cedido neste jornal, apenas cito algumas dessas ervas, e a sua utilização na medicina caseira. Por exemplo, jurubeba, a fruta e a raiz, usada em melados cura constipações, catarros fortes, mastruz, cura anemias profundas e acaba a inapetência, Incó, excelente para acabar diarréias fortes e mal estar intestinal, catigueira-rasteira, é afrodizíaca, quanto ingerida com cachaça ou em forma de chás, Batata-de-puga, especial contra ascaridíase, Quina-quina, muito amarga cura febres altas e doenças do peito, sendo muito usada na medicina caseira, Babosa, muito medicinal, para embelezamento dos cabelos, dores agudas, gripes fortes, Afavaca, para banhos mornos para conservar o corpo fechado contra os males, Capim santo, contra cólicas intestinais, samba-caitá, especial para cólicas menstruais, e o pó de suas folhas é cicatrizante, Endro, o chá é especial para barriga inchada, como também o chá do Erva doce, alecrim, feito o mel de suas folhas é excelente contra os males da garganta, Arruda, é aplicada nas doenças dos olhos e dores de ouvido e ainda espanta mal-olhado, Erva cidreira, o chá é muito usado nas desinteiras renitentes, Rumã, usada a casca da fruta combate as doenças da garganta, Pitó, feito o mel, ou com aguardente, cura as dores do corpo em geral, Quixabeira, a rapa, é utilizada para dores nas costelas, Mororó, o café da fruta, é apropriado para as doenças do coração, folha de laranjeira em forma de chá é aplicado contra insônia, Maracujá-de-estalo, em forma de banho atenua as febres altas, especialmente em crianças de tenra idade, sabugueira, o chá da flor é contra febre, melão de São Caetano, é aplicado contra tuberculose, o sumo das folhas, porém em pequenas doses, haja vista ser muito forte, e tantas outras ervas medicinais, hoje já não mais existem, os chamados raizeiros, e feitores de garrafadas, abandonaram essa prática, sobretudo, quando o médico, da família foi chegando com os remédios científicos, outrora chamados de remédios de ‘’butica’’.
Lamentavelmente, todas essas ervas medicinais que a tantos curaram no passado, acabaram-se, e com elas os ‘’meisinheiros’’ também se foram, e ninguém preservou esses valores tão importantes que marcaram uma época no passado.

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