Do livro “Os miseráveis” de Victor Hugo.
Aquele homem, que era apenas um rapazinho, vendo seus sobrinhos com fome tentou roubar um pão na padaria. Foi preso e passou 19 anos cumprindo sua pena. Quando saiu da prisão procurou um lugar para se alimentar e dormir. Ninguém na cidade o acolheu mesmo tendo dinheiro para pagar as despesas. Durante o período que esteve na cadeia juntou algum dinheiro fazendo alguns trabalhos.
Não encontrando pousada deitou-se em um banco da praça vencido pelo cansaço. Passou uma senhora e o convidou para acompanhá-la, tinha certeza que alguém o acolheria. Levou-o à casa de seu patrão e esse o acolheu com boa vontade.
O dono da casa mandou sua empregada servir o jantar para o homem como um ilustre convidado, mandou que essa colocasse a melhor toalha e a prataria que só era usada em momentos especiais.
Terminado o jantar o homem estava feliz. Além da boa acolhida, tomara uma sopa tão gostosa e quentinha, coisa rara em sua vida. O anfitrião colocou o homem para dormir no quarto de hóspede vizinho ao quarto que estava guardada a prataria que possuía certo valor financeiro. No outro dia logo cedo, o homem parte sem despedir-se do dono da casa, e, a prataria continuava no mesmo lugar.
O hospedeiro manda procurar o homem e lhe entrega a prataria. Falou que ele poderia vendê-la que daria para sua sobrevivência por algum tempo. O homem levou a prataria, agradeceu e partiu para recomeçar uma nova vida longe dali. Mesmo em outra cidade a polícia perseguiu o homem e o prendeu porque esse estava levando algo valioso. Pensava o policial: só pode ter roubado, ele não tem jeito mesmo, uma vez ladrão, sempre ladrão.
Dessa vez o homem não queria passar o resto de sua vida na prisão. Fugiu e foi para outra cidade com nome falso e disfarce. Começou a trabalhar e ajudar aos necessitados até que o elegeram prefeito da cidade. Não demorou muito foi descoberto novamente pelo policial. A prisão do prefeito foi um escândalo. Em menos de duas horas esqueceu-se o bem que praticara
O homem conseguiu escapar da cadeia, procurou uma pessoa de sua confiança e mandou entregar ao bispo os dois castiçais que dele ganhara e pede que esse pague o seu processo e ajude aos pobres. Mais uma vez parte para fugir da polícia.
Seria a sina de Valjean passar sua vida correndo da polícia por um crime que não cometeu?
Victor Hugo que nasceu em1802 e encantou-se em1885 “porque o poeta não morre, encanta-se”, já falava a linguagem do tempo presente, ou seja, do nosso tempo, tanto, que naquela época falava de acontecimentos repetidos hoje. Sua obra retrata com profundidade a condição humana e todos os níveis da sociedade, dos nobres aos excluídos. Suas personagens possuem vida própria, pois são capazes de denunciar a miséria, a falta de justiça e a necessidade de construir um mundo melhor.
E os escritores da atualidade? Será que estamos fazendo nossa parte plantando a semente do bem na tentativa de construir um mundo melhor? O que estamos fazendo de importante nessa nossa passagem aqui na terra? Plantemos mesmo em terrenos áridos...
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