Jean Valjean

Outras Peças Literárias

Lúcia Nobre

Do livro “Os miseráveis” de Victor Hugo.


Aquele homem, que era apenas um rapazinho, vendo seus sobrinhos com fome tentou roubar um pão na padaria. Foi preso e passou 19 anos cumprindo sua pena. Quando saiu da prisão procurou um lugar para se alimentar e dormir. Ninguém na cidade o acolheu mesmo tendo dinheiro para pagar as despesas. Durante o período que esteve na cadeia juntou algum dinheiro fazendo alguns trabalhos.
Não encontrando pousada deitou-se em um banco da praça vencido pelo cansaço. Passou uma senhora e o convidou para acompanhá-la, tinha certeza que alguém o acolheria. Levou-o à casa de seu patrão e esse o acolheu com boa vontade.
O dono da casa mandou sua empregada servir o jantar para o homem como um ilustre convidado, mandou que essa colocasse a melhor toalha e a prataria que só era usada em momentos especiais.
Terminado o jantar o homem estava feliz. Além da boa acolhida, tomara uma sopa tão gostosa e quentinha, coisa rara em sua vida. O anfitrião colocou o homem para dormir no quarto de hóspede vizinho ao quarto que estava guardada a prataria que possuía certo valor financeiro. No outro dia logo cedo, o homem parte sem despedir-se do dono da casa, e, a prataria continuava no mesmo lugar.
O hospedeiro manda procurar o homem e lhe entrega a prataria. Falou que ele poderia vendê-la que daria para sua sobrevivência por algum tempo. O homem levou a prataria, agradeceu e partiu para recomeçar uma nova vida longe dali. Mesmo em outra cidade a polícia perseguiu o homem e o prendeu porque esse estava levando algo valioso. Pensava o policial: só pode ter roubado, ele não tem jeito mesmo, uma vez ladrão, sempre ladrão.
Dessa vez o homem não queria passar o resto de sua vida na prisão. Fugiu e foi para outra cidade com nome falso e disfarce. Começou a trabalhar e ajudar aos necessitados até que o elegeram prefeito da cidade. Não demorou muito foi descoberto novamente pelo policial. A prisão do prefeito foi um escândalo. Em menos de duas horas esqueceu-se o bem que praticara
O homem conseguiu escapar da cadeia, procurou uma pessoa de sua confiança e mandou entregar ao bispo os dois castiçais que dele ganhara e pede que esse pague o seu processo e ajude aos pobres. Mais uma vez parte para fugir da polícia.
Seria a sina de Valjean passar sua vida correndo da polícia por um crime que não cometeu?
Victor Hugo que nasceu em1802 e encantou-se em1885 “porque o poeta não morre, encanta-se”, já falava a linguagem do tempo presente, ou seja, do nosso tempo, tanto, que naquela época falava de acontecimentos repetidos hoje. Sua obra retrata com profundidade a condição humana e todos os níveis da sociedade, dos nobres aos excluídos. Suas personagens possuem vida própria, pois são capazes de denunciar a miséria, a falta de justiça e a necessidade de construir um mundo melhor.
E os escritores da atualidade? Será que estamos fazendo nossa parte plantando a semente do bem na tentativa de construir um mundo melhor? O que estamos fazendo de importante nessa nossa passagem aqui na terra? Plantemos mesmo em terrenos áridos...

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