MENS SANA IN CORPORE SANO

Djalma Carvalho

Quando vou a consultório médico, em visita certamente rara, uma pergunta me faz o facultativo amigo, entre outras costumeiras, a de saber se faço exercício físico, pelo menos três vezes por semana.
A resposta é sempre afirmativa, adiantando-lhe que, normalmente, minha frequência à Academia Foco Fitness se estende a todos os dias da semana. Mas minha esposa ao lado, sorrindo maldosamente, ressalva: “Essa explicação, doutor, parece-me meio esfarrapada.”
Verdade ou não, há de minha parte uma constante preocupação com o cumprimento de tal recomendação médica, de cuidados com a minha saúde, afinal.
Em pesquisa sobre cuidados com saúde, leio a frase latina, título desta conversa, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal, recomendando “o que as pessoas deveriam desejar na vida”. O poeta alinha na citação oito recomendações, sendo a primeira vazada nos seguintes termos: “Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são.”
Ao pé da “Coluna da Nice” (Eunice Cordeiro), especial página do jornal A Tribuna, de Belo Jardim (PE), edição de setembro/2019, encontrei o título “A Mente e o Corpo Jogam Lado a Lado”. E completa a colunista: “A vida é a fonte da alegria, e a alegria é a fonte da longevidade com qualidade de vida.”
Pois bem. Agora, em meio às recomendações da Organização Mundial da Saúde sobre a assustadora pandemia que assola o mundo, cumpre-nos ficar em casa, em regime de isolamento social, livrando-nos do perigo de contágio do Coronavírus. “Fique em casa” é o apelo da OMS. Sobre este assunto, há uma forte preocupação dos empresários em relação ao prolongamento do trabalho remoto no isolamento social: a saúde mental dos trabalhadores.
Aposentado e afastado da academia de ginástica, de familiares e de amigos, agora estou em casa, confinado. Além do gosto pela leitura e da prática de ousado escriba, restam-me exercícios diários de musculação, alongamentos e outros que tais, restritos aos espaços de salas, quartos e terraço da minha residência.
O exercício de aeróbica, por exemplo, para o aumento de oxigenação retirada do ar livre, leva-me às caminhadas em estivais tardes pela esplanada do condomínio onde resido.
Caminhadas saudáveis, claro, ouvindo o alegre canto de bem-te-vis, canários, sabiás e o arrulho de rolinhas no topo de árvores e de palmeiras. Também não posso esquecer o estridente zunido das cigarras, em coro com os pássaros. Toda essa orquestração da natureza surge, divinamente, para festejar o crepúsculo vespertino, o espetáculo do pôr do sol, lenta despedida do astro rei por entre nesgas de violáceas nuvens no poente tropical.
Finalizando a conversa, e a propósito, vejamos a máxima de Nunes Lima, saudoso jornalista e chargista alagoano, sobre o canto desses pássaros dos céus, produzida com a bem-humorada verve do talentoso autor: “Cantoria ensinada por Deus, sem cobrar direitos autorais.”

Maceió, abril de 2020.

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