QUANDO SANTANA ACORDOU, JÁ ERA DOMINGO DE RAMOS

Literatura

Por Marcello Ricardo Almeida

Personagens ocupavam ruas. Nas calçadas, os narradores cochilavam em preguiçosas de palhinha. O tempo era de chuva. O espaço aprisionava o calor que se desprendia do verão. O enredo não saía do assunto do povo àquela hora do dia. Era o conflito o resultado no último jogo.

Dentro do silêncio, portas na matriz da paróquia à espera do povo. Do Bebedor, a multidão, em direção ao centro, agitava palmeiras de ouricuri e cantava hinos.

O povo murmurava o ar com palmeiras agitadas, e atraía gente. Começava com sussurro o canto, nas ruas.

Casas mouriscas de paredes tênues; ruas de casas descascadas, cantava a multidão, janelas de tábuas, postigos nas cores de folhas secas, penas de pássaros, ruas de pedras lascadas. Os sóis-crustáceos tão próximos, distantes lençóis de nuvens d’água. E o Dia de São José foi ontem.

As mulheres com seus véus sob os quais saíam os cantos que entoavam falando sobre o dia a dia, na cidade. Em rostos vincados de tempo, uma das mãos a prender o véu, antes que lhe tirado fosse pelo vento que soprava da calha do rio cheio, criando causas nos caixões-d’água. E a outra mão, erguida, balançava a palmeira verde e delgada. Como uma crônica, os hinos falavam em textos curtos, todos compreendiam, em linguagem simples do cotidiano, quase nenhuma personagem, o caráter a respeito das situações no semiárido alagoano, e fatos pitorescos.

Nesgas de sombras em ruas de casas baixas e telhados escuros. Ruas de quebra-potes com brandões em pontos distantes. Ruas de passarinhos, de gaiolas ornando paredes, finas paredes sem pele nas ruas descalças.

Aproximava-se a multidão. Distanciava-se.

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