REFLEXÕES DA INFÂNCIA

Crônicas

José Avelar Alécio

A minha foi uma das infâncias, de integrante da classe média, mais ricas que se possa imaginar. Dividia seus dias entre as terras férteis da zona rural da pequenina Pindoba e as não menos férteis terras do sertão alagoano, precisamente na cidade de Santana do Ipanema.

Lembranças do Timbó, área rural da Pindoba, só as tenho de pessoas alegres, riachos, frutas deliciosas e variadas: mangas, ingá, jaca e tantas outras...um paraíso perdido, distante de tudo.

De Santana, os fatos são mais reais, integração rápida à vida da cidade, ou melhor do bairro da camuxinga, da rua Delmiro Gouveia.

A camuxinga era o nosso mundo, a rua da poeira o habitat que nos acolheu totalmente.

Da janela da minha casa, de número trezentos e cinqüenta e seis eu avistava a matriz, e nela vislumbrava o antigo relógio encravado na sua única torre. Da calçada do Grupo Escolar Ormindo Barros dava para enxergar a posição dos ponteiros de um dos quatro mostradores do velho relógio, dava mesmo!

Da janela dos fundos da nossa pequena mercearia, “budega” como era chamado na época, vislumbrávamos o velho panema. Que vista!

A rua poerenta transformava-se rapidamente em palco das nossas tradicionais brincadeiras: garrafão, pega, pelada, e tantas outras. Brincávamos até passarem-se todos os minutos permitidos e retornávamos às nossas casas suados, empoeirados mas...plenamente felizes!

No velho e tradicional Grupo Escolar Ormindo Barros ocupávamo-nos em aprender a ler; conhecemos a velha carta de ABC, a tradicional cartilha e a série de livros que encabeçava os quatros primeiros anos do hoje ensino fundamental. Tínhamos excelentes professoras e a verdade era uma só: naquela época aprendíamos mesmo. Tanto é que enfrentamos tranquilamente o tradicional vestibular que nos permitia adentrar no ginásio, “o exame de admissão ao ginásio”.

Chegamos e vivemos muito tempo numa rua sem calçamento, sem luz elétrica. Entretanto vivemos numa das mais movimentadas e alegres ruas não só da camuxinga mas de toda Santana do Ipanema.

Na rua Delmiro Gouveia, nossos olhos de criança presenciaram a atuação de um dos prefeitos mais importantes do município, ao manos no aspecto da urbanização: Ulisses Silva deu cara nova a nossa velha rua da poeira, com a administração Ulisses Silva a velha rua dos coeteiros conheceu e tomou ares de modernidade.

A nossa era uma rua peculiar: tinha poeira, tinha gente, tinha criança, tinha o barreiro de Conconha, tinha o velho panema e tinha brigas todos os domingos.

Ainda hoje ficamos meditando, como era interessante: todos os domingos acontecia alguma briga naquela rua. Nada tão sério que já na segunda feira não começasse a ser esquecido.

Um fato que buscamos rememorar e ainda virá à tona é um caso relacionado ao Sr. Pedro Báia. Acho que o nome era esse mesmo, vamos pesquisar e trazê-lo à tona dentro em breve.

Conhecemos tanta gente, fizemos tantos amigos! Vivenciamos tantos fatos interessantes! Ouvimos tantas “histórias”! Crescemos, nos desenvolvemos e conseguimos o necessário para que nossas metas futuras se materializassem!

Como foi boa nossa convivência na tradicional Rua Delmiro Gouveia!

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