RISCOS & RABISCOS

Djalma Carvalho

Há poucos dias, li o livro Riscos & Rabiscos (Editora SWA Instituto, Santana do Ipanema, 2022, 179 páginas), de autoria do santanense Francisco de Assis Farias, Tamanquinho ou Shyko Farias.
No sadio recesso do lar do senhor José Vieira de Farias e Dona Aristéa Vieira de Farias (ambos, de saudosa memória), pais do autor, sempre houve as seguintes situações familiares em abundância: sorriso, riso e apelido.
Quanto a riso, por exemplo, disse Graciliano Ramos: “O riso é a beleza do rosto.” Outro escritor, Eduardo Martins, autor do livro Com Todas as Letras, também disse: “Um rosto sorridente é um sol brilhando.” Mestre Aurélio acrescentou: “Sorrir é rir sem ruído.”
Quem sorri, quem ri, é pessoa feliz, de bem com a vida. Então, vamos rir à vontade, como se viu no conselho de uma idosa de 92 anos: “Ria muitas vezes, durante muito tempo e alto. Ria até lhe faltar o ar.”
O sorriso é tão importante que o colega escritor Luiz Antônio de Farias, Capiá, tratando da biografia de sua família, deu a seu livro publicado em 2013 o título de A Saga da Família Sorriso.
Quanto a apelido, na Família Sorriso há vários e carinhosos apelidos, a partir do senhor José Vieira de Farias, que durante toda a sua vida foi tratado por Zeca Ricardo. O filho Luiz Antônio, por exemplo, acrescentou ao seu nome o apelido Capiá. O autor de Riscos & Rabiscos foi sempre tratado por Tamanquinho e, agora, Shyko Farias. Mais dois filhos do referido casal têm o apelido de Jota e Sarapó.
Bem editado, o livro Riscos & Rabiscos tem belíssima capa. O autor teve a feliz ideia de usar a técnica do acróstico para homenagear sua família, tratando-a com lhaneza e muitíssimo carinho, ao longo das páginas 29 a 81. Não esqueceu amigos de faculdade, alunos e atletas.
Para mim, certamente a boa surpresa terá sido a veia poética do autor. Escreveu com desenvoltura glosas e motes, expressos em estrofes com versos de rimas alternadas, cruzadas, encadeadas, ora em quadra, quintilha e sextilha, ora em oitava lírica.
Vejamos esta quadra de rara inspiração poética, intitulada “Depende de Mim”:
Não sei se fico,
Não sei se vou
Não sei se paro
Aqui estou.

Devo ir?
Não posso ficar
Devo seguir?
Não posso parar.

A vida é assim,
Assim é a vida,
Não posso esperar
A vida passar.

Após a incursão pela prosa (páginas 159/179), Tamanquinho conta sua vida a partir de Riacho Grande (hoje, Senador Rui Palmeira), cidade onde nasceu, passando a infância e adolescência em Santana do Ipanema, para onde toda a família se transferiu definitivamente. Depois, Maceió. Curso superior no Recife. Graduado em Educação Física e como técnico de handebol, viajou pelo Brasil e pelo mundo afora.
Nas andanças pelo Brasil, por exemplo, compondo a delegação de Alagoas em jogos universitários realizados em Vitória, Espírito Santo, nosso conterrâneo de Santana do Ipanema garbosamente desfilava pela pista do estádio, quando das gerais um grito feminino ecoou, para sua surpresa: “Tamanquinho!!!”
Pois é. Como diz minha esposa: “Santanense é como pardal. A gente o encontra em todo lugar.” Era Elza Marques, sua conterrânea, que gritava orgulhosamente.
Em assim sendo, não poderia ser diferente. Agora, aposentado e ao lado da bela família, Francisco de Assis Farias é um vencedor na vida. Parabéns.
Maceió, junho de 2022.

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