ENTRE A CRUZ E A ESPADA

Antonio Machado

O sertão vivia mais uma seca com um calor abrasador, a água escassa, as cacimbas de minação não atendiam as necessidades da população afora os animais que circundavam àquelas paragens sertanejas. Não havia pastagem para o gado, os pequenos rebanhos, os donos, valiam-se das palhas dos ouricurizeiros, a palma forrageira, esta não havia mais porque a seca estava levando tudo de roldão, até mandacaru servia de alimento para o gado tanto verde quanto queimados tudo era alimento como também a macambira para o consumo dos animais que emagreciam a olhos vistos face a força brava e tirana da seca que estava de cama e mesa instalada na casa do agricultor, sem prazo para sair, deixando-o o sertanejo em situação dramática.

Não suportando mais as agruras daquela seca que estava tangendo o povo de seu habitat ,João Feiticeiro que residia na rua do bode, vivendo de seus trabalhos feiticeiros e algumas cabras, combinou com sua mulher, Makelina e seus dez filhos metade homem e o resto mulheres, e juntaram todos os cacarecos e caíram na Pedra da Viola. Alugou uma casa na rua miolo de pote e se instalou com a família a clientela começou a fluir, mas atraídos pelas garotas, do que de seus trabalhos de feiticeiro, enquanto Makelina rezava e namorava com os homens casados tinha duas filhas amancebadas com um homem casado, proprietário do circo que tinha chegado a cidade, a mais nova, Dinara tinha um namoro com um palhaço chamado de “Se você me der eu quero ” e estava ensinando a namorada a arte circense e rola- rola, pois era sonho seu trabalhar em circo, a última era Bio, pernas grossas e malfeitas, porém era dona de um grande passarinho o povo a chamava de moça do passarinho grande, o que ela não gostava ,e nas noites dos espíritos Zé Pilintra e Tranca Rua o povo se esquecia dos malefícios da seca que cruciava tudo, era só festa na Pedra da Viola.

O soldado Burutu, vistoriando o terreiro da macumba, chamado de São Jorge constatou Luis de Demá e Zé Olina num papo amistoso no cabaré dona Mikelina e os dois rapazes estavam em roupa de nascimento, entrando de chofre o dono da casa sacou de uma arma foi quando Zé Olina explicou ao cidadão pré-corno que ambos estavam apenas se medindo, o que o dono da casa de espantou com toda essa odisseia, e por quê todos estavam nesse estado, nus? Mas ponderou, dizendo por serem cidadãos de boa índole fica o dito pelo não dito, mas não contem a ninguém, embaiando a arma.

Anos depois Luís morreu assassinado e Zé Olina enrricou coisas do destino ou da peste. A essa altura o soldado Burutu saiu às carreiras e foi embora enquanto isto o Padre Cirilo, vendo a igreja de Santa Biruita vazia, ele mesmo foi tocar o sino, e na terceira badalada o badalo do sino despencou e caiu na cabeça do religioso, atendido por populares, valeu-lhe uma semana no hospital, de volta a Pedra da Viola foi residir em Santana do Ipanema e ouvia o sussurrar das águas salobras do rio Ipanema nas grandes cheias, recordava-se das secas periódicas que assustam o sertão.

A passos de cágado, a cidade de Pedra da Viola crescia como a moto de Zé Teitei, com duas aceleradas pra frente e duas pra trás e assim vivia aquele povo naquela serra inóspita e seca no aguardo de chuva para minorar a situação.

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