DEPOIS DO CARNAVAL

Antonio Machado

DEPOIS DO CARNAVAL
Antonio Machado
O carnaval no Brasil tomou uma dimensão impressionante, festa popular que caiu na boca do povo, envolvendo todas as classes sociais, a festa momesca pára o Brasil, é só folia, é só alegria em todas as dimensões, contagiando as pessoas, haja vista ser o povo brasileiro essencialmente festeiro. Muitas cidades comemoram a festa antecipada, propiciando aos foliões mais tempo para se esbaldarem no carnaval.
Dizem que no país do carnaval, o Brasil, só começa a andar após a festa do momo, é uma festa pagã tão forte, que as igrejas não conseguiram deter seu avanço, porque a força do povo foi maior, atualmente as igrejas cristãs vêm se adaptando a essa situação, com retiros espirituais, momentos reflexivos, como outra opção, mormente para àqueles que não se divertem no carnaval, tem até o carnaval para Jesus.
No passado as empresas fonográficas lucravam com a produção de discos, quando os cantores, antecipadamente, gravavam grande quantidade de músicas carnavalescas que eram cantadas pelo povo, dentre tantas outras está a “pequena notável”, Carmem Miranda, e sua irmã Aurora Miranda, Emilinha Borba, Marlene, Orlando Silva, Nelson Gonçalves, a mais bela voz do Brasil, Carlos Galhardo, Claudeonor Germano, creio até que dentre tantos outros ícones este foi o que mais gravou músicas carnavalescas, notadamente, no nordeste, porque ele sempre residiu no Recife, e muitas dessas jóias musicais, tornaram-se verdadeiros hinos na boca do povo, tornando-se imortais, verdadeiros patrimônios imaterial da música popular brasileira. Quem não deixou cair dos olhos uma lágrima furtiva, ouvindo Jardineira, na voz melodiosa de Orlando Silva, Mamãe eu quero, da espalhafatosa Carmem Miranda, e bem há pouco tempo, Dom Rafael, inspirada na novela O direito de nascer e outras que se tornaram imprescindíveis nos salões dos grandes bailes carnavalescos que ainda resistem o tempo. O carnaval com esses famosos trios elétricos nascidos na Bahia de todos os santos, fecharam os grandes clubes com seus famosos bailes no meio da rua arrebanhando enorme quantidade de foliões, somente uns poucos, ainda resistem a fúria dessas famosas engrenagens metálicas movidas a energia e calor humano, uma verdadeira parafernália, nesses famigerados trios um cantor em cima contagiando a multidão com músicas sem letra e sem graça repetitiva como querer emplacar nos foliões sua marca registrada naquele carnaval, faz-me até lembrar o trecho de uma música de 1962, de Adelino Moreira chamada Seresta moderna, gravada pelo inimitável Nelson Gonçalves: ”...bebida rolando/ gritinhos nervosos a todo momento/ um gaiato cantando sem voz um samba sem graça/ desafinado que só vendo/ e as meninas de copo na mão/ fingindo entender/ mas na verdade nada entendendo/ pela madrugada tudo está em paz/ ninguém sabe o que fez/ ninguém sabe o que faz a noite termina e o samba tem fim/ amargurado por ser tratado assim”.
Ah! Prezado leitor, este é o carnaval do Brasil puxado pelas belezas magníficas das escolas de samba que empolgam e eletriza as pessoas, hoje essas argamassas ilusionistas dominam o carnaval, e que saíram de pequenas cobertas em quintais para os grandes barracões e de lá para a passarela dos sambódromos recebendo o aplauso e a admiração do povo, constituindo-se grandes indústrias gerando divisas para as famílias, ai sim, após tudo isto o Brasil volta a funcionar, a andar gerando progresso para dirimir a quantidade exorbitante de desempregados.

Comentários