Literatura - Entre vírus, chineladas, e sem uma vela na mão

Literatura

Por Redação com Goretti Brandão

ossiu, e eu olhei pra ela com receio. A ver pela minha cara, Violeta me disse, olhe Odete, minha tosse é seca assim mesmo. É desde sempre e a minha garganta, se interessa saber, me dói mais à noite. Tenho alergias, você nunca notou? Nesses dias, agora, quando acordo, tenho medo de estar com febre. Mão no pescoço a ver se a temperatura subiu. Não subiu? Então agradeço a Deus. Sorte minha. Mas só amanheço no susto, como se tivesse acabado de vir de muito longe, correndo, e me livrasse por um cabelinho de sapo, do infeliz do vírus. Vou ver Aprígio que dorme que nem anjo e que acorda com um bom dia, Violeta! Saudação de sempre, mas que se faltar, eu cismo logo. Sabe-se lá? Tenho enveredado por pensamentos repetitivos, que se contasse pra Nena ela ia dizer, tá doida, menina? Eu, não. Nem pensar. Maluco de verdade eu conheço uns dois.

O medo, não nego. Mas, o meu confronto com ele é na sexta-feira de tarde, quando lembro que tenho de ir à feira no outro dia. Ontem mesmo pelo celular falei pro Adilson, ‘eu me sinto como uma galinha prestes a ser abatida. Por que, dona Violeta? Ora, ela grita, esperneia, solta pena pra todo lado, quando se sente em perigo. Nunca prestou atenção no estresse? A diferença é que eu sou igual galinha, mas disfarçada de gente, fazendo papel de não estou nem aí’. Quem não tem tu é tu mesmo. Se tenho que enfrentar o problema, eu vou. Passei a vida inteira ouvindo Nena falar isto, quando não havia ninguém para ajudar, com aquele monte de menino. No caminho vou dizendo a mim mesma, ‘em cima do medo, coragem e, meu Jesus, misericórdia. Perdi o gosto que eu tinha de ir pra rua, Odete. E quarentena pra mim é como retiro espiritual.

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