Colunistas: O LEGADO DAS FREIRAS HOLANDESAS

Literatura

Por Redação com Djalma de Melo Carvalho

Acabo de ler no capítulo “A Janela”, do livro Ninho de Cobras (Imprensa Oficial Graciliano Ramos, Maceió, 2015), de autoria de Lêdo Ivo, genial escritor alagoano, o seguinte: “No Hospital São Vicente, uma janela se abriu e a freira que sofria de insônia recebeu no rosto a aragem da madrugada. A brisa vinda do mar refrescou-lhe o rosto – um rosto sem idade, que as rugas não franziam. Era como uma sombra entre sombras, no silêncio da antemanhã.”
Livro ambientado em Maceió do final da década de 1930 e início da década de 1940, durante a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas.
Noite adentro, anônima e insone, ali na janela estava a freira depois de concluída a sofrida tarefa diária de ver diante de si pessoas doentes, moribundas, que entravam no hospital “trazendo no rosto a marca do finamento próximo”, no dizer do romancista.
São várias páginas desse capítulo da análise reflexiva que fez o autor da vida da religiosa, esposa de Cristo, dedicada, permanentemente, à prática da caridade, caminho indicado sem escolha por seus familiares. Missionária de vida de solidão, de interrogações não confessadas. Mas pessoa dócil, frágil, tendo como companheiros para reflexão as contas do seu rosário e o escapulário pendurado no pescoço, crente na eterna doçura de Deus.
Com insônia, a freira debruçava-se na janela, à sombra do quarto, sem ser vista pelos que passavam na rua em frente varando noites e madrugadas de Maceió. Figuras da sociedade local, de vida boêmia carregadas de vícios e pecados.

Clique Aqui e veja a crônica completa

Comentários