Maceió: Anestesistas do SUS entram em greve a partir desta quarta-feira

Saúde

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Os anestesistas alagoanos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) farão uma paralisação por tempo indeterminado a partir desta quarta-feira (14). A categoria reivindica melhores condições salariais e a isonomia com outros estados do Nordeste. Segundo a presidente da Cooperativa dos Anestesiologistas de Alagoas (Coopanest), Rosângela Massuia, os profissionais do estado recebem R$ 45 pelo procedimento de uma cesariana, enquanto que em Pernambuco o valor pago é R$ 350.

Ainda de acordo com Rosângela Massuia, a greve também tem como objetivo chamar a atenção das autoridades locais para a equiparação salarial de acordo com a tabela da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimento (CBHP). Os anestesistas afirmam que continuarão trabalhando nas unidades emergenciais do Hospital Geral do Estado (HGE), Santa Mônica e Hospital Universitário (HU), mas todas as cirurgias eletivas serão paralisadas.

?Essa é uma luta antiga e desde setembro temos tentado conversar com o gestor local. Já fomos recebidos pelo secretário da Saúde, Alexandre Toledo, mas o nosso pleito não foi atendido. Queremos restabelecer um diálogo, com retornos positivos, pois não temos condições de trabalhar recebendo valores tão baixos?, disse a presidente.

Por conta da desvalorização salarial, a carência de profissionais em Alagoas é muito grande, segundo Rosângela Massuia. ?Tem dias que dois anestesistas têm que dar conta de cinco salas de cirurgia no Hospital Geral do Estado (HGE). Os novos profissionais não querem fazer parte dessa realidade, e acabam deixando o estado?, reforçou a presidente da Cooperativa.

"Há quinze anos os médicos do SUS não têm reajuste salarial"

Segundo o diretor da Coopanest, Dário Braga, os médicos de Alagoas não têm um reajuste salarial há 15 anos. Ele destaca que outros estados do Nordeste, como Piauí e o Pernambuco, passaram a adotar a tabela da Confederação Brasileira de Medicina, mas os gestores locais sempre afirmam que não há condições de aplicar a mesma tabela no estado. ?Eles sempre dizem que o estado não tem dinheiro para educação e saúde, mas para outras coisas tem?, complementou.

Ainda segundo Dário Braga, a tabela de Alagoas é elaborada pelo Ministério da Saúde, sem qualquer participação da classe médica. ?Nós recebemos cerca de 10% do que médicos de outros estados recebem e não há qualquer perspectiva de melhoria salarial?, afirmou.

Diretores de maternidades ficam preocupados com a paralisação

Cerca de 100 anestesistas, que representa 100% da categoria, deixarão de atender pelo SUS, inclusive a algumas maternidades públicas, com unidades na Santa Casa, São Rafael, Santo Antônio e Nossa Senhora de Fátima. Como as maternidades necessitam cirurgias cesarianas imediatas, a paralisação da categoria tem preocupado diretores dos hospitais.

"Nós concordamos que a quantia paga a todos os médicos do SUS é irrisória e eles têm direito de protestar. Mas a vida de muitas gestantes que precisam do atendimento emergencial será colocada em risco. Elas necessitam ter o neném de alguma forma. Acredito que deve haver um entendimento com o Conselho e o Ministério Público (MP) deve se manifestar a respeito do assunto", afirma o diretor da Santa Casa, Artur Gomes Neto.

Sobre a questão, Rosângela Massuia alega que os pacientes que necessitarem se submeter a cirurgias emergenciais poderão contar com os serviços da maternidade Santa Mônica e do HU.

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