Seminário esclarece critérios de uso da água a produtores rurais

Geral

Veruscka Alcântara - Agência Alagoas

Representantes dos agricultores e a população, em geral, discutiram como será feita a distribuição da água

Entidades representativas de agricultores e a população de Pariconha participaram de seminário que apresentou o plano produtivo das áreas irrigadas

O município de Pariconha foi palco do I Seminário do Canal do Sertão Alagoano na manhã desta quarta-feira (14). O evento, promovido pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) de Alagoas e pelo movimento Território da Cidadania do Alto Sertão, aconteceu no Ginásio de Esportes da cidade, reunindo trabalhadores rurais da região e a população, em geral, para esclarecimentos sobre os critérios de utilização da água do canal e os projetos do Governo do Estado para o plano produtivo das áreas irrigadas.


O seminário foi dividido em dois momentos ? o primeiro, de abertura, e o segundo com o debate propriamente dito, onde as associações puderam expor suas perguntas para os integrantes da mesa.

Os discursos foram abertos pelo prefeito de Pariconha, Moacir Vieira, que ressaltou a importância do canal para o Estado de Alagoas e para o município, que será um dos primeiros a ser beneficiado com o uso da água ?Quero ressaltar a importância deste seminário para a nossa região, uma vez que 90% das famílias do município trabalham com a agricultura?, frisou o prefeito. Ele falou anda sobre os projetos desenvolvidos em parceria com o governo do Estado, como doação de sementes e o seguro-safra. ?Agradeço ao governo do Estado pelas ações implementadas?, frisou o prefeito.

Em seguida, o diretor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Cícero Nascimento, defendeu a necessidade de socialização das informações referente ao canal. ?Esta socialização das informações, através de relatórios, fará com que os trabalhadores acompanhem as ações e assim possam sugerir medidas que possam ser adotadas dentro da realidade das comunidades?.

Durante a sua explanação, o governador do Estado de Alagoas enfatizou por diversas vezes que o canal tem como principal objetivo atender à agricultura familiar. ?O foco do Canal do Sertão é o produtor familiar. Nenhuma outra política de desenvolvimento a partir do canal irá beneficiar outra pessoa a não ser o produtor familiar?, falou.

O governador ressaltou ainda que a ovinocaprinocultura será uma das propostas viabilizadas pelo Estado, mas que dependia de discussões como as apresentadas durante o seminário. ?Este é um plano levantado tecnicamente, mas que precisa ser discutido em eventos como este, compartilhados com as associações, com os produtores?.

Questionamentos ? Após o discurso do governador, começou o segundo momento do seminário, onde as associações rurais e representantes da sociedade civil expuseram seus questionamentos à mesa. As perguntas permearam temas como o perímetro irrigado pelo canal, uso difuso da água, abastecimento, modelo de gestão e piscicultura. O secretário de Estado da Agricultura, Jorge Dantas, abriu o debate, colocando que o seminário ?é um definidor do futuro da região?.

Entre as questões abordadas, foram colocados os tamanhos do lotes do perímetro irrigado, que deverão ter cerca de seis hectares. Segundo o coordenador do Canal do Sertão, Ricardo Aragão, os lotes foram definidos para que possam garantir renda de três salário mínimos ao produtor. ?Este tamanho de lote foi definido a partir de critério estabelecido pelo Ministério da Integração Nacional?, explicou Aragão.

Sobre as culturas a serem exploradas, o coordenador disse que a ovinocaprinocultura foi a alternativa viável para a geração de renda prevista pelo Ministério. ?Pensamos na ovinocaprinocultura por apresentar o potencial de geração da renda previsto pelo Ministério e por ser uma cultura a que o sertanejo está acostumado?, comentou Aragão.

O secretário Jorge Dantas falou ainda sobre a possibilidade do plantio de abacaxi e melão, além da criação de ovinos e caprinos. Ele ressaltou que estudos técnicos foram viabilizados para se chegar à alternativa da ovinocaprinocultura e que o governo do Estado dará todo o suporte técnico para os produtores que optarem por este tipo de criação. ?Os produtores poderão optar por outro tipo de criação, mas o Governo do Estado estará viabilizando a capacitação para os produtores que optarem pela criação de caprinos e ovinos, com todo o suporte técnico?, afirmou.

Outra questão abordada foi o modelo a ser adotado para a escolha das famílias que vão ocupar os lotes. Dantas enfatizou que a prioridade será para os produtores da região que moravam nas terras desapropriadas. ?Vamos criar um centro de capacitação em Piranhas para que estas famílias possam receber todas as orientações necessárias e assim possam provar que estão aptas para a produção?, disse o secretário.

Entre as questões mais ressaltadas durante o seminário, algumas ligadas às políticas para os povos indígenas e quilombolas. Sobre o assunto, Aragão sugeriu que seja realizado um seminário exclusivo. Sobre o fato de a primeira etapa do canal ser concluída apenas em novembro, Ricardo ressaltou que não impedirá que as áreas possam ser irrigadas anteriormente.

?Apesar de a primeira etapa ser concluída até o final do ano, as áreas onde os trechos já estão finalizados poderão ser irrigadas antes?, falou. ?Queremos sempre nos colocar à disposição para esclarecer as dúvidas da população?, ressaltou o coordenador.

O I Seminário do Canal do Sertão Alagoano contou com a presença do deputado federal Joaquim Beltrão; do prefeito de Delmiro Gouveia, Luís Carlos Costa; do representante da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Raimundo Nonato; do presidente da Câmara de Vereadores de Pariconha, José Sarto; do representante da comunidade indígena Severino Nascimento; do articulador do Território da Cidadania, Carlos Dias; do representante do Sindicato dos Agricultores, José Correia; do presidente da Câmara de Vereadores de Delmiro Gouveia, José Carlos Bezerra, além de autoridades da região, produtores rurais e populares.

Quando for concluído, o Canal do Sertão terá 250km de extensão e levará água a 42 municípios, beneficiando cerca de um milhão de pessoas. A obra está orçada em R$ 2,1 bilhões e até o momento já foram investidos cerca de R$ 380 milhões. As obras continuam em ritmo acelerado para a conclusão do trecho que vai até o quilômetro 45, local onde será finalizada a primeira etapa da construção, compreendendo os municípios de Delmiro Gouveia, Pariconha e Água Branca.

Comentários