UMA VISITA A 9ª BIENAL DO LIVRO (Impressões)

Crônicas

Por Joaquim J. Oliveira

Joaquim J. Oliveira no estande da SWA Instituto Editora

Perguntaram uma vez para o grande escritor Argentino Jorge Luiz Borges que ele definisse “Paraiso”, ele respondeu para mim Paraíso é uma grande Biblioteca. Nesta lógica uma Bienal de Livros seria uma nova Jerusalém Celestial. Domingo próximo passado fui visitar a nossa tão esperada Bienal do Livro, para Bibliófilos é como convidar uma criança para uma mesa de doces. Agora entendo a metáfora borgiana é uma visão idílica para dizer o mínimo.

Ao chegar me deparo, no entorno com uma verdadeira feira medieval parecia um “Outono da Idade Média (Jan Huizinga), nada contra este período medievo, tão mal compreendido e vilipendiado, onde o ocidente nasceu isto é assunto para outra conversa; até entendo a necessidade de reavivar o bairro histórico do Jaraguá com todo seu potencial para vida boêmia que já teve outrora, no entanto, já dizia um amigo: “quando um Jornal precisa dar prêmio para chamar atenção de seus leitores a coisa não vai bem”. Somos uma sociedade do espetáculo é fato, porém, a cultura do livro e o hábito da leitura não se conquista com uma banda de pífano, tipo “O flautista de hamelim” (contos dos irmãos Grimm), alguma coisa está errada na formação de leitores em nossa “ex-pátria educadora”, mas enfim vamos conhecer os stands.

“Nada de novo no front” (Erich Maria Remarque), mais do mesmo, domínio absoluto das editoras universitárias, com suas publicações “cabeças” voltadas para a doutrinação. Com exceções das Editoras cristãs e do nosso stand da nossa querida cidade de Santana do Ipanema, com suas publicações autorais, o que restou foi stands de vendas de romances, best seller da moda, e livros de autoajuda e uma enormidade de livros infantis.

Encontrei na feira nosso querido amigo Malta Neto, e conversando sobre livros e autores chegamos a comentar que se listássemos 10 autores e saíssemos procurando com uma “Lanterna na popa” (Roberto Campos) não encontraríamos nenhum, nem novos, nem usados infelizmente. Sabe porquê? Por que a grande mídia e a academia esconderam “Coisas ocultas desde a fundação do Mundo” (René Girard) de seu povo, todas os autores que incomodava os “Donos do Poder” (Raymundo Faoro). É uma pena, que até pouco tempo atrás o Brasileiro e eu me incluo neste rol, não conhecia ou nunca tinha ouvido falar que existia autores tais como: Mario Ferreira dos Santos, Gustavo Corção, Eric Voegelin, Hayek, Von Mises, Russel Kirk, Bernanos, Jacques Maritain, C.S.Lewis, T.S. Eliot, etc. e o mais grave, nossos jovens chegam a universidade sem nunca terem sido instado a ler nos anos de formação os clássicos universais. Tabula rasa, totalmente vulneráveis a serem doutrinados por um tipo de “Ortodoxia” (Chesterton) sem nenhum preparo para questionar o que quer que seja.

Chesterton chamava a “Democracia dos Mortos” toda a influência daqueles que nos antecederam e contribuem para a nossa formação moral e espiritual e Russel Kirk chamava de imaginação moral.

O que esperar destes jovens, que sai das academias, totalmente robotizados, se nunca lhe foram apresentados pelo menos o contraditório para ter como avaliar o certo do errado, e como se não bastasse até os clássicos lhe foram sonegados, só restou a educação doméstica, o homeschooling (vamos torcer para ser aprovado no congresso nacional) e a maior escola do mundo, a escola dominical no meio evangélico e o catecismo no meio católico, para fazer frente a esta visão de mundo que parou em 1968 o ano que para muitos não terminou (sofrem de um tipo de síndrome de Peter Pan), nem a queda do muro de Berlim, foi suficiente. É cego guindo cego, mas sabemos que “As ideias têm consequências” (Richard M. Weaver). É neste cenário de terra desolada que se trava “ O derradeiro combate do Diabo” (Padre Paul Kramer). O que fazer então? É urgente neutralizar estas ideias, com muitas leituras das “Epistolas” (Cartas Paulinas). Essa geração de jovens que amanhã serão os dirigentes de empresas, um executivo no município, no estado ou mesmo chefe de uma nação, não conhece nada da “alma humana” são pessoas suscetíveis à influência ao primeiro manipulador de plantão. Porque o preço da falta de cultura é ser influenciado pelo entorno. Diz o ditado que de onde não se espera é de onde não se sai nada mesmo. E voltando a Bienal de livros, como Bienal é um excelente programa para se beber, comer e se divertir com os shows, e os livros? é só um pretexto.

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