Lá pelos idos de 1973, mais ou menos. Os carros que circulavam pelas ruas de Santana eram muito poucos. Só tinham carros naquela época, pessoas das famílias mais tradicionais da cidade: Comerciantes, os mais bem sucedidos ou fazendeiro, ou doutor.
Ali na antiga Praça da Bandeira, hoje Praça Dr. Adelson Isaac de Miranda, quem tinha carro por ali, que eu me lembro: “seu” Dóta, pai de Maurício, e Leopoldo possuía uma linda Rural. Ele a mantinha sempre limpa. Tão zelada no mundo que dava gosto ver! Quando guardada na garagem,‘dormia’ coberta com um cobertor! Dr. Aderval Tenório, vizinho de seu Dóta, esse, tinha um Jypee e outros carros que não lembro, mas naquela redondeza só estes. Sim! E o Véio Zé! "Seu" Zé Francisco, pai de Juarez, este era caminhoneiro, “vivia no mundo e passeava em casa”.
Eu me recordo também da Dra Nice, a esposa do Dr. Paulo Onofre os fundadores da extinta Escola Santo Alberto Magno. Estes não eram da Praça da Bandeira, mas tem um episódio interessante sobre um carro que ela tinha.
Ela possuía um carro, que na época era conhecido por Perua. Uma Perua de cor Branca. Acredito que se tratava de um Carman Guia. Pense num carrinho feio! Pensou? Pronto era um desse mesmo. Pra você ter uma idéia melhor: Que tal uma mistura de Fusca com um Fiat 147! Muito mais feio que o Gordini! Um parente próximo do Chevete e da Brasília. Por si só, cada um desses carros já tem seus créditos de feiúra. Me desculpem os apreciadores, mas eles já são feios de nascença! Agora pense numa espécie de fusão desses carros. O que é que daria? É mais ou menos isso o Carman Guia! Pois bem, aliado ao fator feiúra, ainda tinha outro detalhe: O barulho, a zoada enjoada produzida pelo motor quando estava em movimento.
E todos os dias, Dra Nice percorria o mesmo trajeto.Saía de casa passava ali na Praça, indo pra o seu Consultório no centro da cidade, no seu carro, de barulho inconfudível.
Certo dia, vinha ela dirigindo seu carrinho pela principal Avenida de Santana e desta feita mudou o percurso rotineiro, passou ali pela Toca, e ao invés de entrar na rua do Tênis Club Santanense, caminho para sua casa. Subiu direto feito uma bala, em direção ao Posto Shell de "Seu" Benício onde hoje é a Caixa Econômica Federal, deixando para trás além do barulho ensurdecedor, uma nuvem de fumaça preta e fedorenta.
Logo em seguida ouviu-se um grande estouro, o som era de ferro se chocando e sendo amassado. E foi aquele alvoroço. Ato contínuo, ficamos sabendo que a Perua da Dra Nice batera na Praça das Coordenadas. Essa praça não existe mais hoje em dia. Nela foi onde “Seu” Adeildo Nepomuceno, quando prefeito, ergueu a Praça em homenagem ao Jumento.
Nada de grave aconteceu a Dra Nice graças a Deus! Aliás nem sei se era ela que pilotava o Carman Guia naquela ocasião. Só sei que passamos um bom tempo sem ouvir o ronco da Perua pelas ruas de Santana.
S. Ipanema-AL. 19/03/2009
Comentários