Amanda perdeu os pais em um acidente. Uma família abastarda de Santana do Ipanema a acolheu. Inteligente, simpática, logo conquistou a amizade das outras crianças. Sua melhor amiga é Célia que se tornou também amiga e confidente de dona Josefa, a mãe adotiva de Amanda. Célia e Amanda estudaram juntas desde o grupo escolar até o ginásio. Amanda não continuou os estudos porque casou muito jovem. O casamento não agradou aos pais adotivos. Alegavam que o rapaz estava de olho na herança.
Amanda sabia que a verdade não era essa. Eles não queriam perdê-la. A menina que fazia todo serviço da casa e ainda sem ganhar salário, pois, aparentemente era filha adotada. Aparentemente, porque todos da cidade achavam, inclusive a própria.
Dona Josefa era uma mulher que possuía bens matérias. Sentia-se bem exibindo belas jóias. Fazia questão de repetir que preferia enterrar suas jóias, jamais deixar para outros. Até que um dia, Amanda ouve os pais conversando, salientam o fato da não adoção. Amanda entendeu que não era filha do casal, em seu registro de nascimento consta o nome dos pais verdadeiros. Dona Josefa não quer herdeiros. Nem a criança que faz todo serviço da casa e cuida dela quando está bastante doente.
Amanda não reclama de sua situação. Não se importa tanto, pois freqüenta a escola e estuda como as outras crianças. Célia conhece a verdade e conforta a menina, são muito amigas. Dona Josefa encontra-se bastante doente. Perto da hora da morte manda um recado para Célia, quer com ela falar. Célia não foi. Pensou que a agonizante queria presenteá-la com uma botija. Ficou com medo e só apareceu depois que a mulher morreu.
Alguns dias depois Célia sonhou que dona Josefa atribuía-lhe a tarefa de tirar a botija. Falava bem claro onde estava o ouro que guardara para que ninguém dele se apoderasse. Célia não falou a ninguém sobre o ocorrido. Podia ser perigoso. Agora, depois de muitos anos, ela já fala como brincadeira.
_Precisamos arrancar aquela botija, mas a casa está sempre ocupada. A única solução é comprar a casa e fazer bom uso das valiosas jóias de Dona Josefa.
Não querendo esperar mais, a ganhadora da botija resolveu enfrentar o perigo. Valia à pena. Ouro não se ganha tão facilmente. A casa da botija possui um grande jardim com muro baixo e lá, encontra-se a famigerada, segundo a descrição da dona do ouro.
Em uma madrugada, quando todos dormem, a ganhadora e algumas pessoas de confiança resolvem enfrentar a parada. Acompanhados de ferramentas e lanternas dispuseram-se a desvendar o segredo. Eis que de repente, aparece o dono da casa para o espanto de todos. Diz ele:
_ Demoraram, mas chegaram!
Todos ficaram sem entender e o dono da casa falou:
_ Estava esperando-os. Sonhei com a falecida. Falou que uma pessoa um dia apareceria e que eu esperasse. Acho que chegou a hora. Mas tem uma condição para que se realize a façanha.
_Qual?
_ Dividimos a metade do ouro.
Mas não parou por ai. Enquanto pensavam em dividir o ouro, outro fantasma aparece. Mas essa vivinha da silva. Dessa vez, a viúva do ex- marido da dona da botija. Dizem que casou com o velho de olho no ouro de sua falecida mulher.
_ Parem por ai. Tudo isso me pertence. Tratem de me deixarem sozinha ou vão se enterrar junto com a botija.
Assim acabou o sonho daqueles que sonharam a vida inteira com a grande riqueza.
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