Discurso proferido pelo Engenheiro Agrônomo Remi Bastos Silva na Câmara Municipal de Santana do Ipanema

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Remi Bastos

Discurso proferido pelo Engenheiro Agrônomo Remi Bastos Silva na Câmara Municipal de Santana do Ipanema por ocasião da outorga do título “Medalha de Mérito Ipanema”, concedida pela vereadora Kátia Bulhões.

Quero nesse momento manifestar o meu contentamento em poder estar aqui na minha cidade, nesta casa que ostenta o nome de um jóvem que tragicamente nos deixou no auge de sua liberdade, Tássio Duarte, e na presença de amigos e familiares, na oportunidade em que sou agraciado com a medalha de Mérito Ipanema de autoria da vereadora Kátia Bulhões. A felicidade invade o meu coração e estende suas asas sobre o manto verde da esperança que brota da minha consciência e faz nascer um desejo de um sonho coletivo por uma Santana melhor. Fui criança, corri pelas ruas do meu bairro ainda desnudas de calçamento, pés descalços e camisa aberta ao peito. Banhei-me nas águas do Ipanema e contemplei a fúria do Riacho Camoxinga nos seus dias de glória. Vi as canoas do velho Domingos cruzarem as águas barrentas do meu rio em dias de feira, naquelas manhãs envolventes que se foram e não voltará jamais. Assisti as matinês no Cine Glória de seu Domingos; brinquei de quatro cantos nas pilastras da Praça da Matriz à sombra dos caramanchões ladeados pelos frondosos pés de figos, ali onde Zequinha e Tota exerciam as suas atividades de humildes engraxates, ouvindo as batidas sonoras no relógio na torre da igreja e o repicar dos sinos embalados pelo preto Major.
Na minha infância de um simples sertanejo santanense, tive o privilégio de calçar as sandálias feita de couro de bode confeccionado pelas mãos de Oscar Purcino; vesti a roupa da fantasia e do sonho na crença de um Papai Noel real representado por Albertino Marques; emocionei-me com os sermões do Padre Cirilo; tive medo de Justino, Propício, Andorinha, Vitor, e mergulhei nas preces dos sentimentos nos momentos crepusculares da Ave Maria, através da voz do Município na radiofonia de Darras Noya e Zé Pinto Preto. Todas essas cenas extraídas da minha infância e juventude são traduzidas com emoção num sentimento maior, o amor que sinto por Santana do Ipanema, Santana dos meus amores.
Hoje no “pit stop” das minhas orgias e no limiar do horizonte da senilidade, vivo um dos momentos mais importante da minha vida, quando recebo das mãos da jovem vereadora Kátia Bulhões a Medalha de Mérito Ipanema, insígnia que muito me honra e enobrece-me. A minha felicidade torna-se ainda maior em conferir a outorgante as qualidades do juazeiro, árvore símbolo do nosso sertão que não se desfaz do seu verde em qualquer circunstância do tempo e, a qual foi fecundada com o pólen da dignidade de um santanense que sempre fascinou a mim e ao meu velho pai Plácido Reis da Silva, pela sua simplicidade e carisma próprio, o Dr. Henaldo Bulhões Barros. Nunca me senti mais santanense em toda minha vida, nesta terra nascida da bravura de Martinho Vieira Rego e abençoada por Senhora Santana, nossa Excelsa Padroeira.
Peço aos senhores presentes, a compreensão para reverenciar a memória de alguns amigos cidadãos santanenses, que assinaram no protocolo das páginas da minha vida os momentos venturosos que desfrutei nesta terra de Breno Acioli, Oscar Silva, Adeildo Nepomuceno Marques, Aderval Tenório, e porque não dizer de Poni e Agisse? E que já não respiram mais este ar puro que emana das encostas da Serra da Camonga, e se dispersa nos baixios para adormecer sobre o leito do Ipanema, no sopé da Serra do Cristo e do Cruzeiro: Reginaldo Falcão, Mário Beleza, Zuza, Toinho de Aníbal, Branquinho, Nego Carlos, Ialdo Falcão, Ademir Aquino, Pepe, Zé Abdon, Gevaldo Vilela, Clóvis Campos, Jorge das Chagas, seu Zé Soares, seu Benício Barros, seu Abdon Marques, o maestro Miguel Bulhões, seu Baby, Moreninho, Zé Malta, seu Jonas Pacífico e D. Bernadete, seu Zeca da farmácia, seu Manezinho Carvalho e dona Lila, o preto Filemon, seu Oscar Purcino, Tiburcio Soares, Maria Zuza, Seu Conrado, Lelé, Darras Noya, seu Nozinho Falcão e tantos outros.
Gostaria de encerrar minha fala agradecendo a todos pela presença e o carinho, em especial a nossa vereadora Kátia Bulhões e dizer em alta voz com o coração transbordando em festa, Santana dos meus amores Eu Amo Você. Muito obrigado.

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