Na nossa família fez-se referência nata, na comunidade que o recebera nos anos sessenta conseguiu a simpatia e o carinho motivados pela maneira como sempre se portou na família, no trabalho, no cotidiano santanense.
Volto ao passado a fim de relembrar o “tio Narciso” que conhecí e aprendí a admirar e usufruir da sua presença física em minha existência.
Nossa amizade foi se solificando dia–a-dia de forma tal que hoje já não sei onde começa o tio, o amigo, o conselheiro, o “pariceiro”; enfim sei muito bem que na verdade o que existe são “dois magrelos” que se gostam e se entendem!
Narciso e “seus causos”: conta ele que certa feita perguntaram à vovó Toinha quantos filhos vivos ela tinha, no que respondeu sabiamente: vivo só o ArturAlécio,o resto são todos uns bestas”!!!
Tio Narciso e sua função de disciplinador: certa vez, uma de nossas tias estava a reclamar porque um de seus filhos achara de não querer ficar mais no Grupo Escolar Ormindo Barros, onde estudava pra assistir às aulas, sem motivo aparente algum. Tio Narciso dando uma de psicólogo prontamente se propõe resolver a questão. Orienta que levem o menino ao grupo no dia seguinte, sem saber que pouco depois chegaria ele para avaliar o caso. Quando mais uma vez o menino teimava em não ficar e começava a espernear, eis que chega o “psicólogo” e como não consegue com explicações nem autoridade fazer com que a criança aceitasse ficar na escola, aplicou o tratamento definitivo: “você volta pra casa, mas volta nú”, e tirou-lhe o calçãozinho. O menino saiu em desabalada carreira pra casa peladinho, peladinho. Nunca mais achou de faltar às aulas do curso primário no GEOBA....santo remédio!
Narciso e as festas de Santana: nos acostumamos a ver a casa da nossa vó Toinha ser freqüentada por muitos amigos do tio Narciso, principalmente nas festas de Santana faço-os representar nas figuras de Jarbas Carvalho e irmãos, Hamilton Melo, Paulo Sabão, Vanildo Nobre, além dos colegas de banco e outros tantos mais da boemia...era uma festa naquela que parecia “a pensão dos Alécios” na antiga rua da poeira! Tio Narciso sempre foi festeiro não perdia festas na região.
Tio Narciso compositor: vez ou outra lembro de trechos de músicas que ele parodiava. Uma que nunca esquecí foi a marchinha que homenageava seu colega de farras e de banco: Mané do Bode...”mocotolina eu ví um gato, mané do bode botou ponta em tio nonato, não foi tio nonato?”
Tio Narciso reivindicador: lembro que em todos os movimentos progressistas que se insurgiram aqui em Santana, ele estava no meio. Foi assim na luta pela energia elétrica – “passeata do candeeiro” – na reivindicação pela água do São Francisco e tantas outras....É para o bem de Santana?...Narciso tava no meio!!!
Narciso Alécio na política-partidária: naturalmente teria que acontecer. Pessoalmente, meu grande amigo, meu “tio-irmão” não gostei! Minha alma sensível sofria muito quando sabendo das suas reais e boas intenções, ouvia de parte da população e alguns edis críticas ferrenhas e sem uma fundamentação explícita. Particularmente eu me dava o direito de achar que por isso você, meu velho amigo, não precisaria passar. Entretanto o tempo, como sempre passou e nosso tio continua aí, queira Deus longe da militância política.
Narciso Alécio pai: costumo dizer “não sei como esses meninos (filhos dele) se arrumarão quando tio Narciso morrer”. Sempre foi assim, parece que na cabeça dele serão sempre crianças!
E agora tio Narciso e o cronista: meu velho “Nassa” aqui pra nós e que o mundo não saiba, aprendi a admirá-lo de uma forma que já não sei quando começa o tio e quando termina o amigo, o homem Narciso. Somente sei de uma coisa, parafraseando Milton Nascimento e Fernando Brant: “permaneces guardadinho do lado esquerdo do meu peito, juntinho do coração”....é amor pra todos os séculos! Eita mago bom!!!
Muito, muito mesmo tem-se a dizer dessa “figurinha” querida! Dei o ponta-pé inicial, o resto fica para outros fazerem se assim o quiserem.
Este foi o “tio Narciso” que conhecí e aprendí a amar!
Santana do Ipanema - Junho/2007
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