MEU BOM AMIGO CAPIÁ

Marcas do Passado

Remi Bastos

Há quanto tempo nos conhecemos e desvendamos os dias através dos anos que nos rodeiam e nos afastam do marco da partida. As estações passam e com elas as primaveras, mas não distancia dos nossos corações os sonhos de uma amizade que construímos na infância. Foi ontem que corremos descalços pelas ruas da cidade, descendo e subindo as ladeiras muitas vezes com um único objetivo, os banhos no “Panema”. Foram tantos os momentos que desfrutamos com as brincadeiras de “oribusca” nos colares de cercados que circundavam a nossa cidade ainda em desenvolvimento e nos jogos de ximbra e pião no pátio do Ginásio Santana, bem nas encostas da igrejinha Nossa Senhora da Assunção, no Bairro do Monumento. Quantas vezes, ainda de calças curtas nos calamos diante das invocações do Padre Cirilo --- “Silêncio!” e respondíamos em coro o seu “Viva Senhora Santana”? Também foi ontem Capiá que jogamos bola nos campos de várzeas no Baixio, no terreno do pai de Benedito, no campinho de Seu Abílio Pereira, na Camoxinga onde hoje está erguida a igreja de São Cristóvaõ, na quadra do Tênis Clube e no Estádio Arnon de Melo. A sua elegância no trato com a bola me fazia lembra Belini da Seleção Brasileira de 1958. Tudo isso vivenciamos como protagonistas de cenas reais tendo como diretores os nossos pais, sem a necessidade de legendas. Nesse momento fecho os meus olhos e vejo-o no comércio de Santana, em companhia do seu querido avô Mizael praticando o comércio varejista do sal em pedra à céu aberto, sem o domínio da concorrência. Anos depois velho amigo, nos encontramos na estrada da juventude já com os pelos capilares despontando em nossas faces. Foi nesse período, no desabrochar dos bailes de julho no Tênis Clube Santanense, nos chás dançantes na AABB e nas tardes de domingo protagonizadas pela alegria de ver o Ipanema jogar, que despertamos para esta nova fase da vida, a juventude. Quantas vezes na varanda de sua casa tive a oportunidade de sentir a alegria brotando dos semblantes de Seu Zeca e Dona Aristéia como cachoeiras de sorriso desaguando no mar da felicidade, sua família. Meu bom Capiá e amigo Luís Antonio Farias, a nossa amizade é como o vôo das arribaçãs em pleno sertão, inimitável. Só mesmo a natureza é capaz de copiar esta ternura nos corações das pessoas que conseguem bater no peito e dizer, eu tenho um amigo. Hoje você, aposentado pelo Banco do Brasil por merecimento e residindo em Recife, mas sempre reserva um tempo para rever os amigos em Santana, mesmo de passagem para Olivença onde dispões de um alambique rústico para a produção na caninha Novo Rumo. Capiá, gostaria de encerrar esta minha homenagem ao amigo com o seguinte frase: “O sorriso purifica a alma e alimenta o espírito, você é um sorriso que alegra e me faz sentir seu amigo”. Obrigado Capiá.

Aracaju, 20/06/2007

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