AS HISTÓRIAS LÚDICAS DE MARLUCE

Antonio Machado

A habilidade de escrever nasce com as pessoas, que aos poucos vai tomando consistência no suceder dos anos chegando a materializar- se nos contos literários, e às vezes, nas peças teatrais que escreve e até encena. O grande escritor Coelho Neto, homem das letras, sentenciava: “O que se aprende na infância, leva-se ao túmulo”. Dentre as múltiplas faces da literatura destaca-se o ludismo, isto é, pessoas que possuem a facilidade de escrever para crianças e adolescentes, a exemplo da professora e escritora Marluce Alves Bispo, agora inserida por competência na Academia Arapiraquense de Letras e Artes – ACALA., que foi recebida com aplausos por seus confrades. A vida lhe fez professora de escol, mestra dedicada, professora Marluce dedicou a seiva de seus anos em levar a educação, o saber, que bom, professora Marluce, levar o saber a quem sabe menos! A leveza em seus escritos demonstram seu carinho pelo lúdico, fez dos filhos dos outros, seus filhos, e quantas vezes, querida professora Marluce, nas despedidas de fim de ano letivo, você deixou cair nos olhos uma lágrima furtiva com saudade daqueles que saíram porta à fora no maior burburinho e no ano seguinte, não voltavam nunca mais, porque a escola não prepara para ela, mais para a vida, dizia o maior didático das escolas extintas pedagógicas, Amaral Fontoura.
Na última reunião ordinária da ACALA, recebi dois lindos livros dessa escritora Marluce Alves Bispo, sendo um chamado Uma história puxa a outra escrita a exemplo das Mil e uma noite de Malba Thaam, cuja capa da obra em apreço, assemelha-se a um sapo, réptil que assusta as crianças, sendo obra puramente de cunho lúdico escrito com a tinta do carinho de “tia Marluce” extraída de sua paciência na sala de aula, com a inteligência que a natureza lhe agraciou, abrindo suas histórias desse livro singelo, mas belo, ver-se se a historia da formiguinha que é bem interessante dada a habilidade da autora no traquejo das palavras.
A outra obra não fugiu tanto à regra, cujo nome é Teatro o ano inteiro, trata-se de uma coletânea sucinta de peças teatrais podendo ser adaptadas para o teatro infantil, envolvendo vários assuntos da vivencia do cotidiano das crianças.
A vida não lhe fora tão doce como seus escritos foi como escreveu o imortal José de Alencar, em Iracema, quando disse: “O amor de Iracema é como o mel da Jatica no tronco na Angiroba, tem o amargor na doçura.” Foi assim também com a professora Marluce, encontrou muitos percalços na caminhada embora hoje aposentada, rememorando seu passado de tantas inglórias, mais se transformaram em belas flores em seus filhos, sua família e agora seus escritos para deleitarem sua alma como escreveu o poeta, que bom chegar aos oitenta, sabendo da vida bem mais, se você cara confreira Marluce Bispo, ainda não galgou esta palma da existência, quando ocorrer receberá no pódio da vida a graça da vitória.
Para você, cara mestra Marluce: “Ser mestre é esquecer que sabe tão pouco; ser mestre é esquecer que sabe menos do que aqueles que estão aprendendo; ser mestre é amar a todos, e ser esquecido por muitos; ser mestre é esquecer-se de construir uma família, e ver seus filhos nos filhos dos outros, ser mestre é sentir a velhice chegar, sutilmente, e a juventude ir embora para não mais voltar; ser mestre é ver chegar o amanhã com a juventude dos jovens, e diluir-se na noite dos anos no amanhã da velhice.

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