Ninguém teve o direito de escrever tanto sob a Rua Antônio Tavares quanto este escritor. São crônicas e mais crônicas a perder de vista, sobre a primeira rua da cidade, após o Centro Comercial. São inúmeros os personagens de infância citado em crônicas soltas e livros publicados. São fontes riquíssimas de pesquisas sobre a primeira rua da cidade. E entre tantos e tantos personagens comuns e simples da época, destacava-se no primeiro trecho da rua, logo após a primeira travessa, o sapateiro Claudio Canelão, cujo pai também era sapateiro. Claudio crescera muito, devia ter mais de 18 anos e possuía bigodinho. Ajudava o pai na arte, mas tinha uma alma de criança e gostava de jogar ximbra na rua com os adolescentes.
Ninguém conseguia ganhar de Claudio Canelão. Tinha palmo grande e já apontava perto da ximbra. Nem o Nicó, filho de seu José Leite, que também era bom de ximbra e tremia as mãos ao jogar, conseguia superar o sapateiro. Mas Claudio era educado e gente boa. Lembro-me que no grupo escolar murado do Padre Francisco Correia, ele corria sobre os balaústres numa demonstração rara de habilidade. Nome correto não dar para lembrar, até porque, apelido pegou, substitui definitivamente o nome. E se você encontrava o sapateiro na guerra das ruas, era com o bolso cheio de ximbras coloridas todas ganhas dos seus adversários. Havia na rua sem calçamento, gangorra, pinhão, carro de puxar, carro de ladeira, pedra na pedra em apostas de notas de cigarro, brincadeiras de artistas, pega, chicote queimado, esconder, mas a ximbra predominava ao longo de toda rua e do Bairro São Pedro.
O que faz um homem feito, já sapateiro profissional, ir jogar ximbra com os adolescentes no meio da rua? E o jogo de ximbra continuava na via empoeirada e nem mesmo as incursões do juiz de direito, Aloísio Firmo, montado numa burra e o soldado Genésio, a pé, procurando tomar bolas e ximbras, não surtiram o efeito desejado. As modificações de tantos brinquedos só foi acontecer na Rua Antônio Tavares, após a primeira etapa de calçamento na gestão Jaime Chagas. Depois, a continuação do calçamento se não me engano, com o prefeito Henaldo Bulhões.
Onde andará Claudio Canelão
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CLADIO CANELÃO
CrônicasPor Clerisvaldo B. Chagas 16/06/2025 - 11h 28min

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