ENCONTRANDO FORÇAS PARA SEGUIR ADIANTE

Crônicas

Por Alberto Rostand Lanverly Presidente da Academia Alagoana de Letras

Outro dia, em visita a Polonia, no meio da noite, chegamos a Cracóvia, em poucos minutos o aeroporto esvaziou, nada mais funcionava, o transfer que havia contratado falhou. O temor de estarmos praticamente sozinhos em local desconhecido, aumentava com o decorrer dos minutos, até que surgiu um veiculo cujo motorista concordou em nos levar até o hotel por um preço acertado, mesmo sem ser taxi, uber ou bolt.

Dia seguinte o sol brilhava como querendo redimir a cidade da agonia oferecida na noite anterior. Após o desjejum saímos e para nossa surpresa estávamos hospedados no coração da vasta Rynek Główny, a principal praça de cidade, templo de sofrimento e destruição durante o conflito mundial acontecido no século vinte.

Considerando o que enxergava, para mim o tempo parecia ter encontrado um jeito de costurar feridas. Naquele momento, ali onde o passado ecoa em pedras centenárias, pessoas sorriam e bailavam, animadas por melodias que preenchiam o ar com leveza e alegria, transbordando vida, artistas de rua encantando turistas, cafés pulsantes convidando à conversa e a música embalando passos de dança espontâneos.

Quarteirões adiante a Fábrica de Schindler permanecia como um testemunho da resistência e da esperança, pois enquanto a brutalidade nazista devastava milhões, Oskar Schindler transformou seu estabelecimento comercial em refúgio. Com astúcia e humanidade, salvou mais de mil judeus do destino cruel de Auschwitz. Para aqueles que ali trabalharam, a indústria de artefatos metálicos, não era apenas local de produção, mas um fio de esperança em meio ao desespero.

Dia seguinte viajamos alguns quilômetros, até onde está o campo de concentração nazista de Auschwitz, que permanece como um testemunho sombrio da dor e da intolerância. Décadas atrás, a região respirava medo, e os gritos silenciados pelo horror pareciam sufocar qualquer esperança. Mas a história, mesmo com suas cicatrizes, não conseguiu aprisionar a vida.

Hoje entendo que agora, a praça Rynek Główny é um palco onde atores espontâneos substituem o caminhar forçado da opressão. Risos calam o silêncio imposto pelo medo. Cada giro, nota musical, palma batida, é prova de que a humanidade, apesar de tudo, encontrou forças para seguir em frente.

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