Primeiro de maio
De novo rasgo o meu peito
E ainda creio
Em maios perfeitos
Ah, esse náufrago sem jeito
Que utópicas ilhas espera
Que ainda crê em primaveras
E impérios terminais
Primeiro de maio de 2023
Que sejas o primeiro derradeiro
De uma História que se encerra
Em um ciclo de hienas, panteras
E outros ferozes animais
Enquanto o orbe fumega
Em Ucrânias apavoradas
Ainda creio em primaveras
De Praga
E em quedas de muros
Nos States e Berlins
Creio no final dos "tempos bicudos"
Creio no apesar de tudo
De onde hão de brotar jardins
E alamedas de fraternidades
Creio no amanhecer
De um sempre sol
Creio na alegria
De quem terá o pão de cada dia
E de noite não lhe faltará um leito
Para dormir
Creio no sepulcro dos ismos
Que ameaçam a pátria planetária
É amedrontam o meu amado País
Bem sei que neste sítio
Vagamos na penumbra ainda
E neste mesmo agora
Ondas tenebrosas
Arrebentam em distantes litorais
Mas neste primeiro de maio
De dois mil e vinte e três
Meu coração de brasileiro
Insiste em convocar as forças vivas
Do Amor e da Paz!
Ridículo, dirão alguns
Ingênuo, dirão outros mais
Nocivo poderão até chamar-me
E de tantas outras coisas!
Pois que o digam
E livres falem a sua fala!
A minha boca, esta não se cala!
E se rasgo de novo o meu peito
Neste turvo primeiro de maio
Em meio a tantos
E tensos silêncios passageiros
É simplesmente
Porque creio no que penso:
Nos maios de um amanhã diferente
Do presente primeiro de maio!
Dedicado a Miguel Gustavo de Paiva Torres
PoesiasPor José Geraldo Marques 01/05/2025 - 19h 20min

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