Transcorria o início da década de 60. Estávamos, eu e Joninhas, na sorveteria “Pinguim”, de propriedade do Sr. Nozinho (Firmino Falcão Filho) e sob o comando de Marlene, Ialdo e Telma, alguns dos seus filhos. Essa sorveteria, se alguém não lembra, é a atual “TOCA”.
Não sei se estávamos entregues a homenagens ao deus Baco ou simplesmente absorvendo um sorvete. Aliás, deve ter sido um picolé, que não era em todas as horas que tínhamos grana sobrando para um sorvete!
Naquela época, o “velho” Luiz “Lua” Gonzaga, quando vinha apresentar algum show em nossa cidade ou em municípios circunvizinhos, se hospedava aqui mesmo em nossa Santana do Ipanema, pois era amigo do Sr. Adeildo Nepomuceno Marques, que foi Prefeito, e de Moreninho, este pelo lado da boemia.
Estávamos no lado direito do estabelecimento, virado para o lado da residência do Sr. Arthur Alencar, onde hoje moram as filhas do finado Aníbal. Se bem me lembro, estávamos acertando os ponteiros para irmos à AABB. Era um dia de sábado e, com certeza, lá encontraríamos bons companheiros de luta, como o “baixinho” Ulisses, Paulo Onofre, Mário “Beleza”, entre outros guerreiros. Este último, infelizmente, já nos deixou, como diz o meu compadre Capiá, “antes do combinado”.
Já estávamos nos arrumando para a missão quando avistei, subindo em direção ao Pinguim, justamente o grande “LUA”, com seu chapéu tradicional mas não com o gibão. Mostrei ao Joninhas, apontando com o dedo: “Olha! Aquele ali é o Rei do Baião, Luiz Gonzaga”. Meio espantado e sem acreditar, pois nunca o vira antes, Joninhas gritou: “É NADA! ESSE AÍ?”.
Não é que o homem ouviu e pensou que era uma gozação? Passou pela calçada, entrou no recinto, e ainda trêmulo perguntou: “O que é que você quer? Está gozando com a minha cara, hein seu coisa?”
Tive que dar uma de macho. Interrompi esse colóquio “amigável” e falei: “Seu Luiz, o rapaz apenas se admirou e aumentou o tom da voz! É que ele só o conhecia cantando pelo rádio! Não foi por mal.”.
O Rei baixou a bola, ficou bem amável e disse: “Desculpe meu filho! É que agora anda aparecendo um bando de “cabeludos”, vaiando os cantores da música nordestina, e eu pensei que você fosse um deles!” Depois das desculpas formais, ele continuou sua caminhada. Era o Rei do Baião em nossa cidade, pela enésima vez.
Não sei se foi o Joninhas mesmo ou alguma outra pessoa que estava no recinto ou em trânsito, mas a verdade é que surgiu um cheirinho duvidoso. Eu não investiguei a autoria. Já bastava o susto que Joninhas levara. Mas, a julgar pela sua expressão no momento do conflito, deve ter sido o próprio.
De qualquer modo isto é coisa secundária. Nossa intenção mesmo é registrar uma das passagens do velho LUA em nossa cidade e o aperto por que passou o nosso amigo.
Por estarmos em Dezembro de 2012, quando (no dia 13) se comemora o Centenário de Nascimento de um dos maiores astros da música popular brasileira, esta singela narrativa vem perenizar um fato ocorrido em nossa cidade, com dois santanenses: Joninhas e o este outro, que não exalou nada!...
LUIZ GONZAGA E O CABELUDO JONINHAS
Crônicaspor José Peixoto Noya 17/12/2012 - 17h 30min

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