CRÔNICA: FIGURAS FOLCLÓRICAS E PERSONAGENS DOS UNIDOS DA ALDEIA

Crônicas

Valter Alves Oliveira Filho*

Pelos idos dos anos de 1984, quando completava os meus 14 anos de idade, eram corriqueiros os encontros de fins de semana na esquina de Zé Quirino, entre as atuais ruas: professor Enéas e Tereza Maria de Jesus. Na época era auxiliar de apontador nas frentes de serviços da SUDENE /DNOCS – Departamento Nacional de Obras contra as Secas, que ocupara informalmente devido o déficit de leitura do titular da função. Havia na comunidade todo um ritual para os preparativos das festas de momo com o “Bloco Unido da Aldeia”, que tinha como membros Mailson Francelino, Paulo Vicente (Nego Paulo), Cláudios Celestino (bitinha), Cicero Cavalcante (fura figo), com a participação do Dr. Furiba entre outros membros de demais comunidades. Confesso que participar de noitadas de fim de semana, ouvindo tais personagens jogar buraco, e jogar conversa fora, tinha certo ar de sagacidade, pois, com conhecimento limitado para a minha idade aprendia um pouco as experiências positivas e negativas daqueles que gostava de observar, mas tarde na já na universidade notei que tal ato dar-se o nome de sócio-interacionismo, relatado pelo Russo Levy Vygótsky e também pelo baiano Jorge Amado no seu livro “o menino grapiuna”.

Em meio a tantas alegrias e ilusões de festas monescas, podíamos rir das peripécias de tantos bêbados, até o dia da saudade a quarta-feira de cinzas. Riamos com as danças esquisitíssimas da Elza (Elzinha bebinha), dos pinotes do Zé Renato depois de tantas confusões, dos maloqueiros Edson (Fubica), a espera dos que ficavam pelas calçadas para lhes raspar os bigodes e sobrancelhas. No final tudo era graça, inclusive acompanhar as “ditas macumbeiras” com seus frangos bem preparados e maços de cigarro, além é claro da cachaça oriunda da Casa de Xangô da Dona Lourdes. Foi numa noite dessas, que logo cedo à turma toda chegava para assistir o toque do tambor comandado por Domicio Carroceiro, que observávamos as oferendas por trás da fresta da porta, e passávamos as informações para os membros do “clube das calçadas”, com isso agilizávamos os espiões de plantão para acompanhar aonde seriam postas as oferendas “despachos”, eram frangos bem cevados, cigarros e bebidas para todo gosto, o que a malandragem não esperava, era que os santos já desconfiavam e o resultado foi uma baita de uma disenteria. Todo mundo amanheceu cagado!

08 de Setembro de 2010.

*É professor da Rede Municipal de Educação em Santana do Ipanema-AL e diretor do Portal www.santanaoxente.net

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