CONDECORAÇÃO

Outras Peças Literárias

Antonio Alves Sobrinho (Kupim)

A Constituição do Grande Oriente do Brasil – Maior Potência Maçônica da América Latina – ao tempo em que condena a exploração do Homem, os privilégios e as regalias, preconiza, por outro lado, o enaltecimento, a exaltação e a premiação do mérito, da inteligência e da virtude, bem como o valor demonstrado na prestação de serviços à Ordem, à Pátria e à Humanidade.

A solenidade desta noite vincula-se ao reconhecimento de mérito por serviços prestados à Humanidade. Esta noite maçônica é noite de merecida premiação a dois médicos amigos da Maçonaria. E mais do que amigos, dois membros diletos da família maçônica e de nossa terra, dois jovens de quem justamente nos orgulhamos.

É o momento em que, de público, queremos transmitir nossa amizade, nosso apreço e nosso abraço fraterno e paternal aos Doutores JACOB RÊGO DE MIRANDA e ADELSON DE MIRANDA FILHO. Os dois descendem de família que se enraíza entre os fundadores de Santana do Ipanema, por parte de mãe. O avô materno foi maçom de elevado grau nos tempos em que fazer Maçonaria era tarefa árdua que afrontava, além da distância e dos precários meios de transporte, o preconceito e a censura velada de algumas camadas sociais. Na linhagem paterna, Jacob e Adelsinho se entranham nas famílias Isaac e Miranda, de Pernambuco, sendo seu avô, Apolônio Isaac, de origem israelita. O pai dos homenageados, Adelson Isaac de Miranda, tem lugar de honra entre nós e é merecedor de mais alentada menção neste pronunciamento. Foi um dos homens mais influentes de seu tempo na comunidade santanense, repercutindo sua influência em todo o sertão de Alagoas.

Dentista, pecuarista e empreendedor social, emprestou seu entusiasmo e a força de seu denodado espírito a todos os movimentos em prol do bem-estar e do desenvolvimento regional. Participou do Rotary Clube, de Associação de Criadores, da Sociedade São Vicente de Paula e de tantos outros movimentos sócio-culturais. Mais do que isso, modelou a juventude como educador de rara sensibilidade e admirável capacidade de influenciar pessoas para o bem e para o sublime.

Como maçom, foi um dos fundadores desta Loja, e ao desenvolvimento da Maçonaria em nossa cidade dedicou o melhor de si. Sua voz nunca emudeceu em nosso augusto Templo em defesa da liberdade, do bem e do aperfeiçoamento moral e espiritual da pessoa humana.

Como Homem dividiu sua vida com a virtuosa Vilma, que nunca lhe faltou com o conselho e o incentivo e ao lado de quem constituiu uma das famílias mais bonitas de Santana do Ipanema. De seu amor surgiram cinco lindas flores: Airles, Jacob, Chéops, Adelson e Vania Maria. Uma dessas flores, a mais formosa e de mais fino aroma, foi chamada mais cedo para embelezar e perfumar os jardins do Senhor.

CAROS DOUTORES JACOB E ADELSON

Se nos detivemos em destacar a saga e os dotes de sua família, é porque sua família merece. Mas tenham certeza de que esta Loja não os condecora e exalta nesta noite pelo mérito de sua família.

Vocês aqui estão por mérito próprio. A homenagem é a vocês. A admiração que temos é a vocês. É a grandeza moral de vocês, a inteireza de caráter de vocês e a dedicação de vocês à pessoa humana e à causa do Bem que os fazem merecedores dessa singela homenagem.

Vocês abraçaram a mais sublime das profissões. Nenhuma é tão bela, nenhuma tão necessária ao Homem. A Medicina não apenas cura as feridas, ela acende também nos corações a esperança. A dor parece encontrar lenitivo apenas com a presença do médico. O desespero abranda diante do profissional da saúde. É profissão que engrandece e santifica o Homem.

O Brasil vive situação caótica em relação à saúde pública. Os recursos governamentais, parcos e mal distribuídos, sofrem ainda a dilapidação, o desvio e a má gestão de entidades, governantes e profissionais inescrupulosos, tirando exatamente daqueles que mais precisam e mais merecem: os pobres, os indigentes, os deserdados da fortuna e da caridade. Os hospitais públicos são verdadeiros depósitos de moribundos, faltando assistência, remédios e pronto atendimento. É necessário que se mude esse quadro. Estamos carentes não apenas de médicos, mas de bons médicos, e quando dizemos “bons médicos” não nos referimos somente a médicos competentes, sabedores de ciência, mas a médicos humanos, compreensivos, que façam da profissão um sacerdócio, um instrumento de solidariedade e de beneficência, que vejam no paciente não um problema, mas uma criatura de Deus, um Irmão carente e fragilizado, uma oportunidade que Deus oferece ao médico para que exerça a profissão com humildade, na prática do amor e da caridade.

Para nós, maçons santanenses, vocês dois encarnam esse ideal. Nunca um chamamento desta Loja ficou sem resposta diante dos dois. Nunca a necessidade de um membro desta Loja ou de pessoa por maçom encaminhada à atenção de vocês encontrou porta fechada, má vontade ou empecilho no que estivesse dentro de suas possibilidades.
Nossa opinião não é isolada ou ditada pelo apreço e amizade que lhes dedicamos. Toda a comunidade santanense enaltece a dedicação, o desvelo e a atenção que vocês dispensam às pessoas que os procuram, quer para atendimento direto, quer para encaminhamento aos escassos e injustos recursos de nosso sistema de saúde. E nisso, vocês, além de exercerem a cidadania, rendem a seu pai a maior honra que ele almejava e que foi matéria de pedido especial aos filhos – servir com abnegação e amor aos santanenses.

Por tudo isso, admiramos, louvamos e amamos vocês. Por tudo isso, achamos que são merecedores da comenda do Reconhecimento Maçônico que ora lhes outorgamos. Por tudo isso e pelo muito que ainda farão pelos menos favorecidos e mais merecedores de caridade, nós nos orgulhamos de chamá-los SOBRINHOS.
Que o Grande Arquiteto do Universo nos ilumine e guarde a todos.

Discurso proferido no templo da Augusta Loja Maçônica Benfeitora da Ordem Amor à Verdade, em 19/12/2009, quando da homenagem prestada aos doutores Jacob Rêgo de Miranda e Adelson de Miranda Filho.

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