Estamos em pleno mês de maio, que já está tomando sua própria característica, isto é, com muita chuva chegando a todo sertão, deixando os agricultores com o riso todo na boca, face o prenúncio de um bom São João, e consequentemente, uma boa safra. Recordo o tempo de atanho, quando o mês de maio era todo reverenciado a mãe de Deus, Nossa Senhora, muitas casas colocavam bandeiras no terreiro e durante todas as noites, resava-se um terço em honra da mãe do céu, eram os chamados exercícios marianos, onde famílias se reuniam para um encontro informal a boca da noite. E no final do mês, no dia 31, fazia-se uma novena com zabumba, foguetes, leilão e aí arrancava-se a bandeira, que consistia num mastro bem alto, e na ponta um pano branco com a estampa de Nossa Senhora, nos povoados essa prática era exercida religiosamente pelas famílias.
Lembro-me das novenas marianas de dona Cocó, uma velha valentona que residia nos arrabaldes do Pedrão, e a atração de sua novena era um grande magestoso balão, que era soltado no final da festa, lá para meia noite, e em sendo um mês de chuva não tinha perigo de incêndio, também não havia ainda o ibama. E aquele balão subia calmamente, soltando muitas descargas de fogos de artíficios, enchendo os olhos da meninada de meu tempo, e ia sumindo levando também nossos sonhos que se diluiam na imensidãodo espaço.
Mas tudo isso a modernidade engoliu, veio a televisão que modificou tudo, nada mais hoje é novidade, as novenas e bandeiras brancas foram desaparecendo e com o advento da época "moderna" na igreja católica, que foram eles, os padres, os primeiros a tirarrem a batina, depois derrubaram os altares, correram com os defuntos das igrejas, aí as almas fujiram, os santos, esses coitados, muitos foram cassados do calendário litúrgicos ou tangidos para outro dia, as imagens nas igrejas, as que resistiram ao tempo e a fúria eclesiástica, ficaram escondidas num pobre pedestal sem graça nem expressão. O altar hoje, não passa de uma mesa sem graça. E Nossa Senhora? Essa tem sido judiada, massacrada, infelizmente, tiraram-lhe até o sublime título de Maria Santíssima, se não tiraram, mas pouco se fala, a intimidade é tanta, que os próprios escribas da igreja ensina o povo a chamar de simplismente Maria. A gloriosa Ó Mãe de Deus, como vós deveis estar triste com vossos filhos, o cardeal Jaime Camara, já dizia nos anos cinquenta: "Jesus bem merece uma igreja melhor do que a que tem". E o mês de maio só se fala nas mães biológicas, a verdadeira mãe, ninguém fala, porque a televisão não insinua a isto, só aparece os bens materiais e capitalista, os verdadeiros tesouros são esquecidos, quando no passado, Nossa Senhora era mais venerada entre as famílias, hoje a própria igreja está sentindo a falta das famílias se voltarem para a Mãe de Deus, e está querendo que essa sagrada devoção volte, mas foi ela mesma, a igreja que tentou tirar esse amor das famílias a Nossa Senhora, muitas famílias resistiram e continuaram sua devoção a mãe de Deus, essas são as famílias abençoadas por Deus, é amado por Ela, quem venera sua mãe na terra, é amado por Deus nos assegura o eclesiástico, porque não se vai a Jesus, se não for por Maria Santíssima, ela trinfará, queira o mundo ou não.
Comentários