MEUS TEMPOS DE ESTUDANTE EM PALMEIRA DOS ÍNDIOS

Marcas do Passado

Remi Bastos

3º capítulo

... O Técnico aceitou a minha proposição, o Palmeirinha entrou em campo pelo lado da arquibancada onde ficava a estátua da mulher de Frederico Rocha no vizinho Santa Sofia em estilo fila indiana, fui o último da fila, uma estratégia para chamar a atenção dos torcedores. Cumprimentei alguns amigos do meu ex-clube, enquanto a torcida da oposição gritava, "Marca Remi". O jogo começou. Aos dez minutos do primeiro tempo Zuza tentou amortecer uma bola lançada pelo goleiro Trocate nas imediações do meio campo. A bola sobrou no pé direito de Zuza, coisa que não acontecera antes. Na velocidade que eu vinha enchi o pé, a pelota foi arremessada como um projétil para amortecer no arco defendido por Trocate. Palmeirinha 1x0. Papai que costumava ficar por trás do gol para onde eu atacava, vibrou com a minha finalização. Resultado perdemos o jogo por 2x1, saí do campo no final do jogo cheio de hematomas nas pernas das pancadas que levei de Jair de Zé V-8 e Ivan, El Toro. A partir daí passei a ser titular absoluto do Palmeirinha ao lado do amigo Petrúcio Delza onde passamos receber bichos e tratamento de saúde através dos medicamentos vitamínicos adquiridos na farmácia de Valdemar, não me lembro o nome. Ainda fui campeão de futebol de salão, atualmente Futesal pelo Colégio Estadual Humberto Mendes, ao lado de Zé Pequeno e Luiz Chichinha, numa partida decisiva realizada no Colégio Pio XII contra o time da casa, seu maior rival, por o placar de 1x 0 com o gol marcado por mim já no apagar das luzes da partida. Foi uma festa, após o jogo saímos pelas ruas da cidade cantando um samba de minha autoria, "Estadual", acompanhado por uma charanga ritmada. Ainda recordo-me da letra do samba: "Estadual nosso time não pode parar/Estadual tu tens o que apresentar (Bis). Vamos jogar dando a redonda no pé,/Vamos mostrar nosso jogo como é,/E a torcida que vibra de emoção/Pra fazer do estadual nosso grande campeão". Em dezembro de 1965 após ser aprovado nos testes seletivos, concorrendo com estudantes de quase todos os Estados do Nordeste para estudar em Recife no Colégio Universitário, convênio entre a SUDENE e a Universidade Federal Rural de Pernambuco – U.F.R.P. tive que deixar Palmeira dos Índios juntamente com alguns colegas do colégio Estadual Humberto Mendes para mais tarde ingressar na Escola Superior de Agricultura onde cursei o tão sonhado "Curso de Agronomia". A minha passagem pela cidade que Graciliano Ramos adotou como sua terra natal, me serviu como uma aclimatação para a minha saída de Santana para um centro maior. Em Palmeira dos Índios tive a oportunidade de conhecer outras pessoas e fazer novas amizades. O Palmeirinha foi a minha escola de futebol, ali, tive momentos de felicidade concretizados através dos gols que marquei ao lado dos colegas de clube: Petrúcio Delza (+), Zé Leôncio (+) e seu irmão ivaldo, Gordurinha, Quinca Ratão (+), Nego Ivaldo, Tonho Badé (+), Pelado (+), Juca (goleiro), Adilson e tantos outros. O tempo passou, mas as lembranças ainda continuam vivas no meu coração pelos momentos inesquecíveis que desfrutei na aurora dos meus dezenove anos. Onde eu estiver e a saudade bater a minha porta, entre tantas outras lembranças certamente que estarão Palmeira dos Índios e o meu querido Palmeira Futebol Clube, o Palmeirinha que escreveu uma história nas páginas do futebol palmeirense que jamais se apagará.


Aracaju/SE, 18/11/2008

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