O GIRA MUNDO

José de Melo Carvalho

Santana vivia no nosso tempo. Naquela época, nossa cambada tirava sarro de tudo que encontrava. Éramos quase donos do momento. Na ata da nossa gangue, não chegou a ter registro de nenhuma prisão de algum componente, por qualquer crime comum ou desrespeito as autoridades e as famílias em geral.

Éramos educados e apenas brincalhões. Uma Pedrada no cachorro de rua, atirar sapo na parede, melar os intrusos, derrubar tonéis d'água das construções, entre outras atividades, assim a gente caminhava nas noites de folgas, depois do ginásio.

Crimes nenhum. Mas, a mulequeira, as vezes excedia, na perturbação, por conta de gritos e gargalhadas, apesar dos nossos controles.

Pois bem. O Gira era filho de Dona Xica Boa, que exercia a função de comerciante, em frente ao cinema Alvorada, foi figura conhecida em nossos meios. Ele trabalhava com uma máquina de colocar graxa nos pinos dos caminhões. Pessoa honesta, trabalhadora e gostava da branquinha. Certa vez, perguntei por onde ele andava e ele respondeu que vivia em Xicoxico, na Bahia.

A senhora Dona Xica, respeitosa com os clientes, não gostava de ser chamada de Xicaboa. Zé Ormindo, querendo comprar amendoim, que ela vendia por xícara, dizia: Dona Xica, eu quero uma, mas faça UMA XICABOA. Ela atendia, com um olhar enviesado. Grande moleque

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