SERÁ O BENEDITO?

Fábio Campos

A expressão é antiga, muitos, são os que a utilizam principalmente entre os jubilados. Porém poucos, dessa nova geração conhece sua origem, seu significado.

“É só [alguém] fazer uma travessura e lá vem a vó com aquela cara que mistura decepção e impaciência: “mas será o Benedito?” Como muita coisa na língua portuguesa, a origem dessa expressão tem inúmeras versões, todas de difícil comprovação em registros formais – jornais da época, livros ou outras formas de comunicação escrita – explica o professor de português Ari Riboldi, autor de três livros sobre a origem das palavras e expressões.
A versão mais aceita é a de que a pergunta teria surgido na década de 1930, em Minas Gerais. O então presidente Getúlio Vargas demorava muito pra nomear um interventor para aquele Estado. Naturalmente, a demora gerou inquietação entre os inimigos políticos de um dos candidatos ao posto, cujo nome era Benedito Valadares, que perguntavam; “Será o Benedito?”

Valadares foi nomeado interventor em 12 de dezembro de 1933 e, nos meios políticos da época, foi tão conhecido quanto sua expressão é entre os falantes. Era considerado uma raposa, cuja esperteza descreveu em suas memórias, só superada pelo próprio Getúlio. Entre seus feitos, indicou Juscelino Kubitschek para a chefia da Casa Civil de Minas Gerais e, depois, para a prefeitura de Belo Horizonte. Além de lançar o que foi um dos mais importantes presidentes brasileiros. O Benedito da expressão também virou cidade: é em sua homenagem que foi nomeado o município de Governador Valadares. Fonte: noticias.terra.com.br/educação/vocesabia [ outros artigos contido lá: Qual a cidade mais antiga? Quando o o homem começou a enterrar os mortos?]

Uma piada circulando no Watsapp chamou-nos atenção, para a aplicação de um pronome de tratamento muito antigo, mas muito em uso nos dias atuais.

“Levei um tempo para entender porque a mulher quando se casa passa a se chamar de “Senhora”. Sabe o significado de SENHORA? É porque a mulher depois de casada fica: sem hora de tomar banho, sem hora pra comer, sem hora pra se cuidar, sem hora pra se divertir.”

Brincadeira a parte, vamos aos fatos. No site siginificados.com.br/pronomes-de-tratamento um artigo esclarece parte da significância dos pronomes de tratamento.

“Pronomes de tratamento são utilizados como alternativas aos pronomes pessoais em linguagens mas técnicas e formais. Também conhecidos por axiônimos os pronomes de tratamento costumam ser empregados em comunicações formais, mas também em conversas informais com menor frequência. Os pronomes de tratamento devem ser conjugados com verbos na terceira pessoa. Por exemplo: “Você pode me emprestar o “seu” celular?(correto)/ Você pode me emprestar o “teu” celular? (errado).”

Em muitas regiões do Brasil, o “Você” (abreviação de Vossa Mercê) é utilizado como pronome pessoal, em substituição ao “tu”. Gramaticalmente o “Você” deve ser classificado como pronome de tratamento e a sua conjugação deve ser feita a partir da 3ª pessoa.”

Nasceu aqui a curiosidade, de onde teria se originado estes pronomes de tratamento na língua portuguesa? Nossa intuição leva-nos a crer que tenham origem nas expressões de tratamento da corte inglesa e francesa. Senão vejamos o que encontramos no site wikipedia.org.br:

“Lorde (do inglês Lord) é um título nobiliárquico [da nobreza] empregado no Reino Unido. É equivalente a “Senhor” ou “Dom” em Portugal, correspondendo originalmente a um título de autoridade feudal. O feminino de “Lord” é “Lady”, embora existam casos raros de lordes feminino, por exemplo o Lorde de Mann, ou o Lorde Provost de Edinburgo.

A etimologia da palavra inglesa “Lord” remonta ao inglês antigo ‘hlaf-weard’ (guardião do pão) refletindo o costume tribal germânico de que um membro do escalão fornecesse comida aos subordinados [da corte]. O equivalente feminino ‘Lady’ pode ter vindo das palavras que significam ‘amassadora do pão”

Existe ainda a expressão “Sir” que segundo outro site, é também título de nobreza. Somos propensos a crer que dessa expressão tenha nascido o termo “Senhor” cuja abreviatura é “Sr.” Tão comum na nossa língua portuguesa. Há ainda os pronomes ingleses: Mister, Madam e Miss. Veja o que o site ‘teclasap.com.br” diz a respeito, e de quando deve-se usar tais expressões em caso de enviar e-mail para estrangeiros:

“Dear Sir” = para homem cujo nome é desconhecido; ‘Dear Madam’ = para mulher cujo nome é desconhecido; “Dear Mr/Mrs Milton’= para pessoas que assinam seus nomes somente com a inicial do pronome mais o sobrenome. Por exemplo: “S. Milton” pode, tanto ser “Sarah Milton” quanto “Sidney Milton”. Nesse caso é melhor não arriscar, use Mr/Mrs Milton” Mr é usado para homens solteiros ou casados; Mrs usado para mulheres casadas; e Miss para mulheres solteiras.

Pra encerrar. Deu nas redes sociais:
“-Joãozinho, na frase: Apropriaram-se indevidamente do carro de Pedro. Quem é o sujeito?
-Depende: se foi um só ladrão: Sujeito Simples, se foi uma quadrilha: Sujeito Composto. Se estão sumido: sujeito Oculto. Agora, se o roubo ocorreu em Brasília: Sujeito Indeterminado.”

Evolução e Gênesis da palavra: VOCÊ:
E Deus disse, faça-se: Você!
Aí o culto criou o polido: “Vossa Mercê”
O nordestino adaptou pra: “Vormicê”
No sertão virou: “Ocê”
No motel, ou no bar: “Cê que sabe...”
E as redes sociais encolheu pra: “vc”

Fabio Campos, 11 de Março de 2017.

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