ONDE O CANTO ENCANTA

Antonio Machado

Existem pessoas que nascem predestinadas pela natureza, como dotes artísticos em várias modalidades e nuances, o caso focado aqui, prende-se ao canto, mormente àquele que a natureza lhe concede o canto, a voz que encanta, trata-se de Abelina Maria da Cunha, artisticamente, Ângela Maria, que canta e encanta com sua bonita e maviosa voz, sendo filha de uma dona de casa e um pastor protestante, que viviam perambulando pelas cidades em busca de uma melhor sobrevivência, tendo Ângela Maria nascida no dia 13 de maio de 1929, há 86 anos, em Macaé, no Rio de Janeiro, face seus pais pertencerem ao protestantismo, a filha passou a cantar no coral das igrejas, e sua voz sempre se destacou das demais vozes. Por força da religião, seus pais não permitiam que Ângela Maria cantasse músicas fora do rito protestante, gerando com isto alguns dissabores, haja vista a semente artística em Ângela Maria começar a brotar, levando-a trocar de nome para poder iniciar sua carreira artística, de cantora, às escondidas de seus pais. Sua voz aguda, dava-lhe uma beleza ímpar, vencendo todos os concursos musicais que se inscrevia, fazendo-a dona de uma performance singular, sempre arrancando aplausos onde se apresentava, tudo começou no programa de rádio, Pescando estrelas, já com nome artístico de Ângela Maria, era sucesso onde chegava, visto o sangue artístico lhe correr nas veias, cantou no famoso Dancing Avenida, posteriormente na famosa época da rádio Mayrink Veiga. Em 1951, a família já sabia de tudo, mas foi sempre avessa à atitude da filha ser cantora, e naquele ano, Ângela Maria gravou seu primeiro disco, com sua bela voz encantava a todo o país, cursou dramaturgia, fez teatro e atuou no longa-metragem Portugal, minha saudade, em 1973. Face sua voz privilegiada, Ângela Maria tinha muita versatilidade para interpretar os belos samba-canções, notadamente na década de 1930, ao lado de nomes já consagrados na música popular brasileira, a famosa MPB. A exemplo de Maísa, Nora Ney, Dolores Duran, Nelson Gonçalves, Vicente Celestino e tantos outros ícones da música daquele tempo. Ângela Maria gravou uma gama imensa de verdadeiros sucessos, como: Não tenho você, quem não cantou e se encantou com Cinderela? Moça bonita, Vá, mas volte, Falhaste coração, quem não deixou cair uma lágrima furtiva ouvindo A noite e a despedida? E Garota solitária, Gente humilde, Lábios de mel, Canto paraguaio e tantas outras melodias inolvidáveis que encantam as pessoas, tudo que Ângela Maria canta é bonito, diz ela que já gravou 114 discos, sendo uma voz que canta e encanta a tantos, é dona de uma sensibilidade artística e rara beleza porque trouxe o dom de cantar e encantar a todos, ela continua gravando e o Brasil cantando, porque a voz da Sapoti, Ângela Maria é deveras magistral. Mas como na vida nem tudo são flores, Ângela Maria teve uma vida conturbada no quesito amor, tendo vivido seis casamentos, sem filhos, todos falharam, entretanto entre as vitórias e fracassos, aos 84 anos casou com Daniel de 51 anos, e se diz ter acertado desta vez. Nem sempre a fama trás felicidade, apenas momentos felizes, hoje na decrepitude da existência, Ângela Maria continua gravando e fazendo o que mais gosta, cantar, canta Ângela Maria, o povo quer lhe ver cantar.

Comentários