O MERCADO DA MÚSICA E SEUS DESAFIOS

José Ailson Ferreira Leite

Caros leitores, essa é minha primeira matéria, e embora seja minha, ela foi feita baseada nos diversos sensos críticos e mercados da música brasileira, pelo qual junta-se aqui a opinião dos mais variados críticos desse mercado.

Hoje pode se dizer que a música virou totalmente o inverso daquilo que já se foi, parece que cada vez mais, os compositores andam perdendo suas inspirações para fazer músicas de qualidade, pois o que vemos hoje é um cenário musical enfraquecido, com os grandiosos artistas afastados da grande mídia, e os pequenos hoje destacando-se com uma ou outra música estourada nas rádios do Brasil, hoje se vê o cenário completamente deformado por uma falta de criatividade absurda de letras que possam ter um bom conteúdo, é tanto que no nosso cenário mesmo o que mais a gente observa são os repertórios daqueles artistas que fazem os famosos “Barzinhos” ou então se colocam como “Praticantes da MPB – Musica Popular Brasileira”.

É um repertório mais recheado e mais variado dos diversos clássicos da boa música nacional, músicas de artistas que tocam até hoje sem passar despercebidas e muito menos serem consideradas músicas de mal gosto, presenciamos músicas de artistas como; Chico Buarque, Caetano Veloso, Djavan, Roupa Nova, Roberto Carlos, etc. artistas esses que são relembrados pelos milhares de artistas desconhecidos do nosso país, e que ultimamente com essa crise, vem crescendo e ganhando espaço em nossa querida cidade, nos mais diversos espaços culturais e gastronômicos existentes, diferentemente das letras de hoje em dia, que embora caiam no gosto popular, não deixam aquele mesmo gostinho de quando ouvimos as músicas antigas, pois os repertórios de hoje em dia, das bandas de Forró, Arrocha, Sertanejo, e Pagode, ambas parecem ser quase um repertório só, ambas pegando músicas de ambas e transformando no arranjo de ambas, vamos por partes.

O Forró, expandido por Luiz Gonzaga, Dominguinhos, dentre outros da época, tinham como objetivo retratar as coisas do nordeste, da seca do sertão, poemas surgidos da fé e crenças, dos causos, de diversas situações do povo nordestino, eternizado com uma Sanfona, um Triangulo e uma Zabumba, eles faziam disso seus grandes palcos, como chegamos a ver na série GONZAGA; DE PAI PARA FILHO, cujo o próprio rei do baião chegava a tocar de graça para a multidão, com suas letras marcantes, hoje vemos um cenário daquilo que foi se defasando ao longo desses anos, com o famoso “Forró Eletrônico”, onde dos anos 90 pra cá, as bandas foram introduzindo dentro do estilo elementos eletrônicos, sintéticos e percussivos, como a guitarra elétrica, os mais variados tipos de teclados sintetizadores, controladores, arranjadores e sequenciadores, e os mais variados instrumentos de percussão e também nypes de metais, modificando assim tudo aquilo que foi o forró do rei Luiz, hoje também com elementos mais variados, como pads, fogos de artifícios, rontontom e etc.

No arrocha o que mais se tem de curioso, é que especialistas em ritmo comentam que, o arrocha nada mais é que a modernização do antigo bolero, porque? Se observamos algumas canções de sucesso antiga, podemos ver através do ritmo da bateria, com uma pancada no cymbal e no pedal seguida de quatro no cymbal e três no pedal com mais três do cymbal nos intervalos do pedal, observaram que não é tão diferente do arrocha, o que muda, é somente as letras, e a cadência, pois o arrocha foi nada mais nada menos que umas espécie de bolero modernizado, ou como a juventude atual chama “Estilizado”, com letras que refletem um duplo sentido em algumas músicas, outras uma dor de cotovelo, uma paixão mal resolvida, e outros contextos do bolero usados em uma linguagem mais atual, e com uma cadência um pouco mais acelerada e ritmada, de tal forma também que para os mais velhos bem como no forró, era o Luiz Gonzaga, Dominguinhos e outros, e nos dias de Hoje já são Aviões, Wesley, Samyra, etc, no arrocha não foi diferente, pois enquanto para os mais velhos, a sofrência era com Waldick Soriano, Altemar Dutra, Nelson Gonçalves entre outros, hoje é Pablo, Asas Livres, Tayrone, etc.

Cenário um pouco parecido também no sertanejo, umas música cuja origem é a mesma do forró, pois o sertanejo conta também a vida do homem do sertão, do homem do campo, de uma maneira mais poética no sentido, da lavoura, do pasto, do gado, do fazendeiro, enfim, mais a cara das grandes fazendas, sítios e estradas do interior de Goiás, e também de Minas, ambos berço da música sertaneja do nosso país, bem como no forró, esse também foi um estilo que perdeu um pouco a sua essência, pois o “Sertanejo de Raiz” rico em arranjos de viola, violão e acordeon de artistas consagrados como; Milionário e José Rico, João Mineiro e Marciano, Tonico e Tinoco, Tião Carreiro e Pardinho, que contavam as diversas histórias de amor do homem pelo campo, foi perdendo espaço para o “Sertanejo Universitário”, um estilo “empobrecido” no que se diz respeito ao viver na roça, traz geralmente em seu contexto elementos também parecidos com os do forró, o som da viola, do violão e do acordeon, foi dividindo também o espaço com as guitarras elétricas, os teclados, metais e instrumentos de percussão, e suas letras geralmente casos parecidos com os do arrocha e outros do pagode, alguns perdidamente falam do campo, mais em maioria falam sobre cantadas, pegações, abandono, traições, enfim, pouco haver com o sertanejo tradicional, sem falar que uma boa parte dos artistas de hoje já se lançam sozinhos, não mais como dupla, sendo que uma parte das duplas já existiam, outras que estouram também já vieram de uma longa carreira juntos, mais hoje o mercado mesmo é lançar-se sozinho.

Como penúltimo tema abordado por mim, o Pagode, sou um até um pouco suspeito de falar, mas não economizo críticas não, pois bem como todos os estilos citados antes, vivemos um cenário empobrecido ao que se diz pagode, pois são raros os artistas em que se destacam com mais de duas ou três músicas em seus cd’s, pois se voltarmos ao passado, lembramos do velho malandro “Bezerra da Silva” cuja as suas letras falavam muito do jeito travesso de ser, do “Martinho da Villa” que poetizou sua vida em músicas, e os grandes Adoniran Barbosa e também os famosíssimos Demônios da Garoa, enfim, também se partirmos para o lado mais jovem, ainda da antiga safra, também viríamos, o SPC, Raça Negra, Exalta Samba, Molejo, entre outros, deixaram sucessos que até hoje escutamos em rodas de samba, e encontro de amigos por ai, diferentemente do cenário de hoje que temos muitos artistas, que fazem boas obras, mas obras que não duram muito tempo na mídia, ou até mesmo nas rádios, e alguns quando conseguem, passam muito tempo e depois desaparecem por mais tempo ainda.

E por último o que dizer do funk, ele que foi criado para falar sobre a realidade nas comunidades, acabou se tornando uma verdadeira concretização de perdas dos valores familiares e pessoais em suas letras, ou seja, os funks de antigamente até o surgimento do funk melody, falavam sobre a realidade das comunidades de uma forma mais protestante, ou seja, era um grito daqueles que as autoridades só se importavam quando precisavam de votos, e usavam-se desse meio para reivindicar atitudes e medidas, já os funks de hoje em dia, principalmente o famoso funk ostentação, acaba se tornando um tapa na cara da sociedade, e ao mesmo tempo um deboche, e principalmente, um incentivo a prostituição e ao uso de drogas, isso não é preconceito, é apenas uma realidade, porque? Nesta mesma semana passou uma reportagem em um famoso jornal, mostrando um desses bailes em que as meninas usavam drogas, tivaram a roupa em troca de bebida, faziam sexo explícito na frente de todos, eram abusadas sexualmente, tratadas como objeto, e os amigos nada faziam, pelo contrário, colocavam mais pilha pra os outros fazerem o errado, o no final mostrava uma jovem que tirou a calcinha e fez sexo por um litro de wisk e no final o repórter perguntava a jovem o porque daquela situação e ela disse que de nada lembrava. Crianças fazendo letras de funk com um palavriado absurdo, repleto de palavras de baixo calão, e principalmente, gestos pra lá de obscenos.

Enfim, concluindo essa matéria, o que se pode ver de todos os estilos é que; dos artistas de antigamente, para os artistas de hoje em dia, nota-se que a diferença é tremenda em questão de pensamentos e ideias, porém uma coisa é comum entre todos, “O desejo de ser reconhecido, e ter suas músicas tocadas nas rádios”. E afinal de contas, qual é o grande desafio do mercado de hoje em dia? Bem, se colocarmos aqui o mesmo conceito dos grandes críticos, veremos que as bandas de antigamente tinham mais conteúdos do que estruturas, diferente de hoje, que as bandas tem que ter, mais estrutura do que conteúdo, digo isso por ver nos diferentes lugares que já passei, e diferentes situações que já presenciei, o quanto as pessoas se empolgam ao ver um palco com uma enorme estrutura de som, quilos e quilos de equipamentos de iluminação, super telões de led, etc. enquanto em outras situações em que não tinha tudo isso as pessoas eram mais frias, não se empolgavam tanto, não dançavam tanto. Enfim, o desafio da música hoje, de uma forma ou de outra, é agradar seu público alvo, mais ainda é o desafio de ter sua música lembrada por muito tempo, anos e anos, como os antigos artistas, desafio de hoje, é conseguir grandes compositores, aqueles que são os donos do sucesso, mas que são os últimos lembrados quando a música tá estourada, o desafio hoje é cada um no seu estilo, seja Forro, Arrocha, Sertanejo, Pagode, Funk, MPB, Brega, seja lá p que for, alcançar o seu pódio mais alto chamado “Auge”, deixando uma boa letra, com conteúdo educativo, ou ainda que seja, para curtir, que seja um conteúdo pra fazer com que a sociedade reflita, e pense no outro, no amanhã e não pensar no próprio bem estar, no próprio bolso, pois quando a gente se preocupa muito com o rótulo o produto acaba não saindo muito bom.

Enfim, com cada um no seu estilo, o desafio de hoje e de todos os dias, é acordar, trabalhar, vencer e ser reconhecido.

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