Calendário Cultural Santanense: 2012, ano do Padre Francisco Correia

Especiais de Domingo

por José Marques de Melo

José Marques de Melo

No próximo mês de julho a Igreja Matriz de Santana do Ipanema realiza os tradicionais festejos em louvação a nossa padroeira, Santa Ana, que este ano revestem-se de significado especial. Trata-se do bicentenário da sua celebração, assinalando a regularidade do espaço eclesial da capela aqui erigida nos idos de 1787 pela Missão Franciscana. Desbravando o sertão margeado pelo rio Ipanema, aquela cruzada teve à frente o Padre Francisco Correia de Albuquerque.
Por isso mesmo, o Calendário Cultural de Santana do Ipanema, estabelecido pelo Decreto Municipal 826/2010, por iniciativa da Prefeita Renilde Silva Bulhões Barros, instituiu 2012 como o Ano do Padre Francisco Correia. A intenção é comemorar os 200 anos da fixação daquele missionário em nossa terra, e conseqüentemente a criação do povoado da Ribeira do Ipanema. Dando vida ao local, os serviços eclesiásticos atraíram os moradores circunvizinhos, estimularam o comércio e a constituição do núcleo urbano.
Até então, o que existia aqui era um arranchado que servia de pouso sazonal aos índios fulniôs. Ou abrigavam os caboclos em busca de ocupação nas enclaves pecuários de aventureiros que disputavam terras devolutas.
Depois de várias passagens para catequizar tribos remanescentes, a chegada do Padre Francisco Correia em 1812, com a incumbência de aqui permanecer, transformou a localidade em pólo civilizatório. Seu centro irradiador foi sem dúvida a capela edifícada em terras cedidas pelo pecuarista Martinho Rodrigues Gaia, onde também foi construído um retiro para as beatas encarregadas de zelar a capelinha onde se dava o culto permanente à Senhora Santana.


Sociedade civil

Enquanto espera o anúncio das comemorações oficiais, promovidas pelo executivo e legislativo municipais, a sociedade civil toma a dianteira. Iniciativas meritórias estão sendo preparadas. A mais arrojada é certamente a reedição da biografia do Padre Francisco Correia, projeto abraçado pelo SWA Instituto Educacional Ltda., braço editorial do Portal Maltanet.
Seu diretor, José Malta Fontes Neto está empenhado em publicar nova edição do Escorço Biográfico que o Cônego Theotônio Ribeiro escreveu a respeito da trajetória do fundador da nossa cidade. Datada de início do século XX, a referida publicação foi reproduzida em 1958 pelo então prefeito Hélio Cabral e distribuída à rede municipal de ensino.
O projeto de Malta Neto é lançar um opúsculo que circule em todos os organismos educacionais, habilitando os mestres a difundir entre seus discípulos a saga protagonizada pelo missionário que ajudou Santana do Ipanema a progredir e a construir sua identidade comunitária.

Alvorada na Páscoa

Entusiasta do Calendário Cultural Santanense, o Prof. Dr. João Tertuliano Marques Agra decidiu assumir a dianteira das celebrações de 2012, organizando um Encontro Intergeracional, reunindo os clãs Marques, Agra, Nepomuceno, Wanderley, Malta etc. que se cruzaram entre si e com outros troncos familiares, contribuindo para plasmar a contemporânea identidade santanense.
O evento vai se realizar na primeira semana de abril, tendo como ponto culminante o almoço de confraternização no próximo dia 7, na Casa Grande da Fazenda Coqueiros. Santanenses residentes em várias cidades e pertencentes a distintas gerações serão acolhidos pelos anfitriões Rosa Marques e Alberto Nepomuceno Agra.

Resgate da memória

Quem foi o Padre Francisco Correia ? A imagem que galvaniza a memória da população remete ao Grupo Escolar do Monumento, que leva o seu nome. Nessa mesma instituição existe um desconhecimento da sua origem. A não ser que as novas gerações tenham melhor prontidão intelectual do que a minha.
A publicação do livreto do Cônego Theotônio Ribeiro vai ajudar a dissipar essa lacuna cognitiva municipal. Mas é desejável que os formadores da opinião pública na comunidade entrem em cena e ajudem a superar essa carência no processo de aprendizagem.
Quando decidiu lançar a segunda edição dessa obra, Helio Cabral explicou que fora induzido justamente pela ignorância que pairava na cidade a propósito da principal figura da História Municipal.
Os tempos são outros, mas a amnésia histórica continua a prevalecer.

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