Cinco estados do NE paralisam atendimentos e entidades cobram retorno do tratamento para o glaucoma

Saúde

Assessoria de Comunicação da UNOSUS em Alagoas

Alagoas, Sergipe, Maranhão, Rio Grande do Norte e Paraíba. Esses são os estados que já paralisaram os atendimentos aos pacientes glaucomatosos por se encontrarem impossibilitados de continuar realizando atendimento devido ao corte de recursos efetuados pelo Ministério da Saúde. Entidades que representam a pessoa com deficiência já começaram a se mobilizar e cobram assistência às pessoas que correm o risco de perder a visão por conta da interrupção do acompanhamento médico e da falta de medicamentos.

Cinco estados suspenderam o atendimento aos pacientes e outros dois já anunciaram que também precisarão paralisar as atividades nos próximos dias. Bahia para no dia 19 deste mês e, o Ceará, discute a data para interromper a realização das consultas, exames e da entrega dos colírios.

Tal situação preocupa a União Nacional dos Serviços Oftalmológicos Credenciados ao SUS ? UNOSUS, haja vista que 90% dos pacientes glaucomatosos atendidos pelo governo federal estão concentrados na região Nordeste. É uma parcela da população que faz o tratamento pela rede pública porque não possui condições financeiras de custear os honorários médicos, de pagar pelos exames e de comprar os colírios. Há medicamentos que podem chegar a mais de R$ 150,00.

Todavia, apesar dos atendimentos estarem suspensos, a UNOSUS defende que as discussões com a União permaneçam. Representantes da entidade continuam estabelecendo canal de negociações com o Ministério da Saúde para tentar reverter o quadro. A intenção é esgotar todas as possibilidades de diálogo na tentativa de sensibilizar o governo federal sobre a importância de voltar a alocar recursos para as empresas que prestam serviços na área da oftalmologia.

Os tratamentos foram interrompidos porque o Ministério da Saúde cortou recursos para a manutenção do Programa Nacional do Glaucoma, por meio de portaria publicada no final do ano passado. A mesma normatização do governo federal determina que a patologia seja tratada pelas Secretarias Municipais de Saúde e orienta as prefeituras a montar a estrutura necessária para receber a demanda das clínicas particulares. O processo de transição, para que os pacientes sejam recolados dos prestadores de serviços para a rede pública, deve durar cerca de oito meses.

Entidades se mobilizam

O Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência (Conade) já colocou na pauta da sua próxima reunião, que acontecerá ainda neste mês de março, a discussão sobre o problema. A entidade defende a volta do Programa, nos moldes antigos, para evitar que aumente a quantidade de pessoas cegas no Brasil. ?O País já possui 6,5 milhões de pessoas com baixa visão e 528 mil cegos. Portanto, não queremos que esse quantitativo aumente. A União tem que entender que, até que aconteça a transferência total dos pacientes que são atendidos pelas clínicas para os municípios, haverá um lapso temporal grande e, enquanto essa preparação ocorre, milhares de pessoas poderão perdão a visão porque não estarão recebendo os colírios. Esse é um problema de saúde pública e precisamos nos mobilizar para evitar consequências desastrosas mais na frente?, defendeu Moisés Bauer, presidente do Conade.

Roberto Freire, presidente da Associação dos Cegos de Alagoas (Acal), também cobra a mobilização da sociedade civil organizada. ?Estamos nos organizando para acionar a Defensoria Pública do Estado de Alagoas e o Ministério Público. Só em Alagoas são cerca de 25 mil glaucomatosos e eles não podem ter os tratamentos interrompidos. Peço que os pacientes se unam a nós e defendam essa causa?, declarou.

Quaisquer orientações, a partir de agora, devem ser buscadas através do telefone 136, contato direto com a Ouvidoria do SUS.

O que é o glaucoma

Causado pela lesão do nervo óptico e relacionada à alta pressão do olho, o glaucoma pode provocar sérias alterações no campo visual e até cegueira. De acordo com estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 1% a 2% da população acima de 40 anos é portadora de algum tipo de glaucoma.

Doenças como diabetes, hereditariedade, miopia e lesões oculares são as principais causas da patologia.
O tratamento do glaucoma é feito, na maioria dos casos (95%), em regime ambulatorial, com a aplicação de colírios de uso contínuo. No SUS, são ofertados, gratuitamente, sete categorias de colírios para controlar a pressão intraocular, além da cirurgia.
?Como o glaucoma é uma doença lenta e silenciosa, que vai causando danos ao nervo óptico e, por consequência, prejudicando o envio das informações que enxergamos para o cérebro, o seu tratamento não pode ser jamais interrompido. Se não for tratada, a doença pode progredir e aumentam os riscos do paciente ficar cego. O uso do colírio faz baixar a pressão do olho e, justamente por isso, é tão importante que o glaucomatoso faça uso da medicação todos os dias. O corte de recursos efetuado pelo Ministério da Saúde nos preocupa muito porque está acarretando na paralisação dos prestadores de serviço que, por sua vez, atendem à população. Esperamos que, no menor espaço de tempo, seja encontrada uma solução para esse problema?, declarou Márcia Medeiros, oftalmologista membro da Membro da Sociedade Brasileira de Glaucoma.

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