Ufal: melhora desempenho dos alunos das escolas públicas

Educação

www.paineldenoticias.com.br - Com Agência Alagoas

lunos do Ensino Médio sonham com um futuro melhor na universidade (foto: Valdir Rocha/Agência Alagoas)

Na capital, 15% das vagas foram conquistadas por estudantes das escolas do Estado

A participação dos alunos da rede pública de ensino no vestibular da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) vem melhorando a cada ano. O bom desempenho é comprovado pelo aumento do número de vagas conquistadas pelos estudantes das escolas do Estado. Nos cursos do campus da Ufal em Maceió, onde a concorrência é maior, 15% das vagas do vestibular de 2009 foram ocupadas por egressos do ensino público. Nos campus do interior, o percentual de aprovação subiu para quase 28%.

Com a retomada das aulas da Ufal esta semana, o estudante Wellington Augusto de França realiza o sonho de entrar na Universidade. Ele era aluno de escola pública, mora no Jacintinho e trabalha como garçom para ajudar a família. ?Não vejo a hora de começar a estudar, a conhecer a minha turma e meus professores?, afirma o estudante. Wellington passou no vestibular da Ufal de 2010 para a segunda turma de licenciatura em Educação Física, cujas aulas começam nesta segunda-feira, dia 2.

Segundo a Comissão Permanente do Vestibular (Copeve), no vestibular da Ufal de 2010, os estudantes das escolas públicas conquistaram 31 vagas no curso de Educação Física. Para se ter uma ideia desse bom desempenho, das 50 vagas do curso de licenciatura em Educação Física, no campus de Arapiraca, 17 foram conquistadas por alunos do ensino público. Como se inscreveram 722 estudantes para disputar uma das 50 vagas desse curso, a concorrência foi de 14,4 pessoas por uma vaga, mesmo assim 34% dos aprovados estudavam nas escolas do Estado.

Nos últimos três anos, a performance dos alunos do ensino público vem superando as expectativas. De acordo com os dados fornecidos pela Copeve, no Processo Seletivo Seriado (PSS) de 2009, dos 198 inscritos para disputar as 50 vagas do curso de Matemática em Arapiraca, 27 aprovados (ou 54%) vieram do ensino público. Por isso, o número de alunos das escolas do Estado matriculados nos cursos da Ufal no interior passou de 215 em 2009 para 267 em 2010.

Geração Saber

Para o secretário de Estado da Educação e do Esporte, Rogério Teófilo, esse bom desempenho é fruto do trabalho integrado entre as Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) e as diretorias das escolas, somado à dedicação dos professores e ao esforço dos alunos.

?Com a entrada em ação do Programa Geração Saber, a tendência é aumentar ainda mais o número de alunos das escolas públicas no vestibular?, prevê o secretário. ?Isso vai acontecer porque estamos trabalhando diretamente com os municípios dentro da gestão compartilhada, que é focada na melhoria da qualidade da educação como um todo, do primário ao ensino médio?, acrescentou.

O estudante Diego Francisco Soares da Silva, 21 anos, era aluno de escola pública e passou no vestibular da Ufal de 2010 para Educação Física. Para ele, além do esforço é preciso que o aluno da rede pública acredite no seu potencial. ?Não adianta estudar feito um louco e não ter tranquilidade no dia da prova do vestibular. Não podemos nos intimidar com a pressão da concorrência. Temos que ter humildade e não nos deixar intimidar pelas propagandas dos cursinhos, que querem ganhar no grito as vagas dos melhores cursos?, ensina Diego, que foi aluno da Escola Estadual Alfredo Gaspar de Mendonça, no Conjunto Eustáquio Gomes, na periferia de Maceió.

Segundo o estudante de Educação Física, para fazer uma boa prova, o aluno do ensino público precisa trabalhar bem o aspecto psicológico, o lado emocional. ?Os cursinhos exploram muito a concorrência, a individualidade e ainda intimidam os estudantes das escolas públicas, com frases nas camisetas de seus alunos, para tentar nos amedrontar?, observa Diego. Entre as frases coercitivas usadas pelos cursinhos, Diego cita uma, colocada na parte e trás da camiseta, que reflete bem essa pressão: ?Nem pisque, já estou na sua frente?.

?Quando a gente vai fazer a prova e se depara com uma frase dessas, se a gente não acredita no nosso potencial, o lado emocional é abalado e a falta de tranquilidade pode atrapalhar o desempenho da gente no vestibular?, observa o estudante. Além disso, Diego ensina que para ter um bom desempenho o aluno da escola pública não pode ter receio de pedir ajuda aos professores, formar grupo de estudos com colegas mais adiantados e estudar nos finais de semana para assimilar o conteúdo da sala de aula.

Além de Diego, outros 30 alunos de escolas públicas passaram no vestibular da Ufal de 2010 para cursar Educação Física. ?A concorrência foi de quase 15 candidatos para uma vaga, mesmo assim eu e outros oito colegas do ensino público passamos para o curso de licenciatura em Educação Física diurno da Ufal?, destacou Diego, que mora com os pais no bairro da Forene, na divisa de Maceió com Rio Largo.

Números da Copeve

Com base nos números da Copeve, das 3.227 vagas oferecidas pela Ufal no vestibular de 2008 para todo o Estado, 386 foram preenchidas por alunos egressos das escolas públicas, o que correspondeu a 12% do total de vagas. Em 2009, das 3.875 vagas, 594 (ou 15,3%) foram ocupadas por estudantes do ensino público. Em 2010, foram ofertadas 4.333 vagas, das quais 593 (ou 13,7%) foram conquistadas por alunos das escolas do Estado.

O desempenho dos estudantes da rede pública é melhor no PSS voltado para os cursos das unidades da Ufal no interior do Estado. Nos campus da Ufal de Arapiraca, Palmeira dos Índios, Penedo e Viçosa, em 2008, foram inscritos 5.311 alunos, para disputar 640 vagas distribuídas em 16 cursos. Desse total de vagas, 124 (ou 19,4%) foram preenchidas por alunos da rede pública.

Em 2009, dos 5.661 inscritos para disputar 770 vagas da Ufal no interior, 215 (ou 27,9%) aprovados eram do ensino público. Em 2010, a Universidade passou a oferecer cursos também em Santana do Ipanema e Delmiro Gouveia, no Sertão alagoano. Por isso, o número de vagas e inscritos aumentou. Portanto, dos 7.336 inscritos para concorrer às 1.330 vagas, nos seis municípios, 267 (ou 20,1%) vieram de escolas do Estado.

Em alguns cursos das unidades da Ufal no interior, a exemplo de Matemática e Física do campus de Arapiraca, mais da metade dos alunos aprovados no vestibular de 2009 e 2010 estudaram nas escolas do Estado. No vestibular de 2009, dos 198 inscritos que disputaram as 50 vagas do curso de licenciatura em Matemática, no campus de Arapiraca, 27 aprovados (ou 54%) eram do ensino público. Neste mesmo ano, dos 153 inscritos no curso de licenciatura em Física, 26 classificados (ou 52%) foram da escola pública.

Em 2010, das 50 vagas do curso de licenciatura em Matemática, no campus de Arapiraca, disputadas por 236 inscritos no PSS, 28 foram conquistadas por alunos egressos das escolas do Estado. Esse número corresponde a 56% do total de vagas ofertadas.

Até em cursos mais concorridos - como nos casos de Administração, Agronomia, Engenharia de Pesca, Enfermagem, Psicologia e Serviço Social - o desempenho dos alunos da rede estadual de ensino supera as expectativas. No PSS de 2009, a concorrência para o curso de Administração do campus de Arapiraca passava dos 10 para uma vaga. Mesmo assim, dos 526 inscritos para uma das 50 vagas, a escola pública conseguiu aprovar 18 alunos, correspondendo a um percentual de 36%.

Vestibular

O Processo Seletivo Seriado (PSS) da Ufal é realizado em quatro dias, sendo que nos três primeiros dias são aplicadas provas com conteúdo de cada uma das séries do ensino médio e no último dia a redação.

Cotas

A Ufal possui dois modelos de cotas. O primeiro é destinado à população afrodescendente que cursou integralmente o ensino médio em escolas da rede pública de ensino. Para este grupo são reservadas 20% das vagas existentes em cada curso. Deste total, 60% são destinadas para mulheres e 40% para homens.

Os candidatos que concorrem pelo campus Arapiraca e que cursaram o ensino médio integralmente em escolas públicas do interior de Alagoas receberão uma bonificação em sua média final de 10%.

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