Este Viciado Fui Eu

Santana do Ipanema
Ó, minha terra querida
Berço onde me criei
E onde perdi quatro anos
Porque não estudei

Não estudei porque não quis
Falta de conselho não era
Pois me meti na sinuca
Foi aí minha miséria

Passava dias e noites
Jogando sinuca e bilhar
E procurando pessoas
Que quisesse apostar

Passava noites de sono
Não tinha hora pra comer
Só tinha duas vantagens
De não fumar e beber

Fui desprezado por pai
Por amigos e por irmão
Só não fui de minha mãe
Porque tinha bom coração

Nesta vida de malandra
Quatro anos eu passei
Depois vim pra Maceió
Onde me regenerei

Comecei a trabalhar
No comercio local
Onde ganhava dinheiro
Pouco mas proporcional

Depois saí do emprego
E comecei a estudar
O que faço até hoje
Pois desejo me formar

Não sei se vou conseguir
Depende de minha sorte
Continuarei estudando
Até a hora da morte

Vou terminar por aqui
Este drama desastrado
Só queria apenas dizer
Que já fui um viciado

Quando terminar de ler
Peço-te que não rias
Pois este viciado fui eu
Francisco de Assis Farias

Maceió 09 de novembro de 1968