O TOQUE MÁGICO DAS MÃOS

Crônicas

Sílvio Nascimento Mélo

As mãos inocentes tateando e fazendo descobertas. Se pendurando nos dedos da mãe. Mãe e filha. Pegando o móbile e procurando “ler” o que os olhos inquietos transmitem. Sem distâncias. As mãos curiosas das princesinhas Cecília, Maria Clara e Marília.

As mãos infantis agarrando à mão paterna e segura. O olhar de baixo para cima, admirando o quanto o pai é grande e como anda firme nas ruas sabendo para onde vai. Pai e filha. Sem medos. As mãos inquietas de Lívia.

As mãos rabiscando. Estimulando o soletrar e o saber ler e escrever. Sem respostas. As mãos impulsivas de Lavínia, Marina e Natália.

As mãos teimosas. Para querer e não querer. Assumindo atitudes precoces. A pensar e a imaginar. Sem fronteiras. As mãos inteligentes de Beatriz e Taciano Neto.

As mãos do futuro. Os primeiros sonhos no ar: de passear, de viajar, de sumir, de consumir, de questionar, de graduar, de trabalhar, de namorar, de casar, de ter filhos... As mãos talentosas de Camila, Pedro Henrique, Luani, Rodrigo, Renata e Fernanda.

As mãos ansiosas e trêmulas se encontrando na primeira carícia. O primeiro namoro. Antes do primeiro beijo e da primeira pegada.

As mãos entrelaçadas passeando como símbolo da conquista mútua. Jovens “ficantes” ou “namorantes”. Ficar ou namorar? Quem é a caça e quem é o caçador?

As mãos no escurinho do cinema. O insubstituível “cinema é a melhor diversão”. Direto para os amassos: do saco de pipoca, do papel do chocolate Sonho de Valsa, do copo de Coca-Cola... Deliciosas pipocas. Deliciosos beijos. Deliciosas mãos.

As mãos enamoradas. E que se prometem minuto a minuto: Mãos delicadas. E que enxugam lágrimas. Mãos vibrantes. E que escrevem mensagens virtuais ou dedilham o violão com juras de amor. De Camila para Piu. De Pedro Henrique para Mima... Mãos confiantes. E que transmitem segurança. Mãos amorosas. E que aliviam qualquer sensação de dor. Mãos carinhosas. E que fazem gostosas carícias. Mãos insinuantes. E que realizam sonhos. Mãos ansiosas. E que não querem esperar. Mãos sensuais. E que tocam pontos sensíveis. Mãos desejadas. E que desejam. Mãos que desenham. E que trilham todas as linhas e lugares do corpo. Mãos pioneiras. E que descobrem sensações e segredos íntimos e inexplorados. Mãos apaixonadas. E que têm o dom de desequilibrar o certo e o errado, o amor e a paixão. Mãos mágicas. E que têm o dom de equilibrar o dar e o receber no momento do amor.

As mãos orgulhosas. Filhos e pais. O anel, o diploma e o juramento. Aptas para conquistar o conhecimento, o trabalho e o pão nosso de cada dia. Prontas para conquistar o mundo.

As mãos estendidas, mão esquerda de cada um, trocas no ritual sagrado do matrimônio. Mãos que selam promessas e compromissos de amor eterno. Na doença e na saúde. Na tristeza e na alegria. Até que a morte as separe. Ou que “seja eterno enquanto dure” como disse o nosso “Poetinha” Vinicius de Moraes.

As mãos habilidosas. Mãos que recebem ou retiram do primeiro aconchego da mãe o exemplo do milagre da vida. As mãos, muitas vezes últimas esperanças, que provocam com suave palmada o primeiro choro e a continuidade do ciclo natural: pai, filho, pai, filho...

As mãos suaves. Não importa se ásperas da dureza da vida ou macias de cremes. Importa a sensação do calor, da carícia e da percepção da hora exata. Do sexo e do amor. Mãos que transmitem maturidade para discernir sobre a vida a dois. As mãos de Carmélia.

As mãos divinas. Parte da mais bela criação do Senhor. E que possuem o dom, o poder e a magia de transformar o mundo e as pessoas. As mãos do homem e da mulher. Não importa a cor, nacionalidade ou a opção de sexo, religião ou time de futebol...

As mãos para todas as formas. As mãos para a guerra e paz.

As mãos de todas as formas. As mãos de amor e paixão.

Apenas o toque mágico das mãos.
Após a missa dominical de 11.10.2009

Comentários