A “FUBICA” DE ANTONIO REDONDO

Crônicas

Fabio Campos

Só quem é dos anos setenta, mais ou menos, deve lembrar de “seu” Antonio Redondo. Era um funcionário veterano do DNER(hoje DNIT). Que de redondo, ele não tinha nada. Pelo menos fisicamente. Pois se tratava de figura franzina, magra. Um nordestino autêntico! Legítimo! Pele curtida pelo sol.Atarracado, cabelos untado de brilhantina penteado pra trás. Figura de gestos lentos! Um ser pensante! Sempre numa impecável camisa de manga comprida bege.

Morava na época, ali na ladeira da Avenida Nossa Senhora de Fátima em frente à antiga movelaria de Zé Lemos. Hoje em dia, funciona o Centro Espírita da fraternidade: “Médium” André Luiz.

Seu Antonio Redondo, era proprietário de um carro antigo, creio que um Sedan preto, não sei, nada entendo de carro. Parecia um carro dos anos quarenta, mas que eu prontamente o classificaria como sendo um autêntico calhambeque. Que Seu Antonio sempre mantinha parado em frente a sua casa. Mas que ainda dava pra quebrar um galho! Ele sempre saia com esse carro, no carnaval. E mais ou menos por esta época, ele começava a testar o veículo para ver se ele estaria em condições de sair durante o tríduo momesco!

Pra você, caro leitor, ter uma idéia, de como o carro funcionava, era ainda à base de manivela, pra dar a partida. Pipocava feito uma besta fera! De longe, só pela zoada dava para se dizer, lá vem Seu Antonio Redondo! Aconteceu que, em uma dessas véspera de carnaval, em que fazia a habitual revisão do carro pra ver as condições e se o mesmo agüentaria brincar o carnaval. Eis que vem descendo a Avenida Dr. Arsênio Moreira,a principal avenida de Santana. Quando chega ali, próximo a Toca, na Praça do Monumento, os estalos e pipocar se intensificaram e aí o calhambeque começou a soltar uma fumaça preta, mais tão fedorenta no mundo, que não tinha quem agüentasse!

Daí pareceu que o ‘troço’ ganhou vida própria e disparou rumo ao comércio, ao centro da cidade. Ao perceber o perigo e o que poderia acontecer caso o danado pegasse “embalagem” na ladeira da Avenida Coronel Lucena, Antonio redondo, não contou conversa. Deu um giro completo No volante. Esperando com seu intento, adentrar a Avenida Martins Vieira, visando pegar o retorno de volta pra casa. Mas tudo o que conseguiu foi, desgovernado, subir na calçada, bem na esquina e derrubar o portão do jardim, e parte do balaústre, do Consultório de Dr. Antonio Dentista (onde hoje é a REDEFARMA). A parte dianteira do “carango” ficou destruída pelo impacto. Desde então nunca mais se viu a “Fubica” de Antonio Redondo desfilar no carnaval.

12/032009 S. Ipanema-AL.

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