BAILE A FANTASIA

Crônicas

Sérgio Campos

Sábado dia 14.02.09 tive a satisfação de participar de mais um Baile à Fantasia promovido pelo Clube da Melhor Idade de Santana do Ipanema. Alheias a quaisquer critica as responsáveis por esse evento, tem seguido as tradições valorizando os frevos, marchinhas e ornamentação que abrilhantaram os antigos carnavais, sem com isso deixar de prestigiar músicas atuais, satisfazendo “gregos e troianos”.

A diversidade cultural do Brasil está marcada sem dúvidas pela miscigenação desde sua colonização. De norte a sul do país, cada região tem suas peculiaridades e diversidades: seja na dança; música; culinária; expressão linguística; vestimenta, etç.

O carnaval, mesmo tendo sua origem na Itália, tem o Brasil como seu maior divulgador. Como o Rio de Janeiro especializou-se no samba, o frevo reinou absoluto no Nordeste até o advento da música baiana (axé) no inicio dos anos noventa. Com a massificação da música baiana através da grande mídia o frevo foi quase esquecido, apesar dos criadores do trio elétrico, - Dodô e Osmar - serem baianos e grandes divulgadores do frevo, juntamente com Morais Moreira. Como qualquer manifestação popular o frevo sobreviveu a várias tentativas de extermínio, o maior exemplo de resistência, sem dúvida é o Bloco Galo da Madrugada que consegue arrastar, sábado de Zé Pereira, uma multidão de mais de dois milhões de foliões.

Apalavra Frevo derivou-se de ferver, que popularmente era chamado de "frever" e passou a designar: efervescencia; calor. Tem tudo a ver com o Nordeste: tanto com o povo, quanto com o clima. É como diz Reginaldo Rossi, " as praias do Nordeste são muito quentes... como as mulheres".

A cultura é a identidade de um povo, pois é a partir desta que se constrói uma personalidade coletiva agregada a valores morais expressos em várias manifestações tornando-se assim inerente ao ser humano, a ausência dela é como se lhe perguntassem seu nome e você dissesse que não tinha um.

O Tênis Clube Santanense foi por vários anos palco de excelentes bailes carnavalescos. Além da prévia realizada uma semana antes, mais quatro bailes completavam a festa momesca que só encerrava na manhã da quarta-feira de cinzas com a inesquecível musica de Luiz Bandeira “quarta feira ingrata”.

Jamais se conseguirá extinguir uma cultura popular. Sempre que se tentou, além de não conseguir, outras surgiram ainda mais fortes. Para se ter uma ideia a música na China data de antes da civilização chinesa, e documentos e artefatos fornecem evidência de uma cultura musical bem desenvolvida ainda na Dinastia Zhou (1122 AC - 256 AC.). Levando-se em conta que o povo chinês foi um dos que mais sofreu com invasões estrangeiras, ainda assim observa-se um país com enorme avanço tecnológico, e rico em preservação cultural.

Por ser do tempo do mela-mela, do urso preto, dos blocos andando a pé nas ruas, do desfile das escolas de samba Unidos do Monumento e Juventude no Ritmo, pela ansiedade de esperar a noite chegar e ir à Maratona pular ao som da Orquestra de Miguel Bulhões enquanto Chico Soares gritava: “Aloooooooooooooo maestro”!!! Por tudo isso o Baile a Fantasia promovido pelo Clube da Melhor Idade me faz sentir saudade dos carnavais de antigamente sem com isso deixar de aproveitar o de agora.

Comentários