Até a capital de Alagoas, ladeia o asfalto, durante uma viagem por Palmeira dos Índios, frutas em grandes quantidades. À beira da pista. Uma dádiva natural. Pés gigantes de mangas, de jacas, de bananas, de mamões, de cajus, de goiabas, de umbus, de romãs, de cirigüelas, de acerolas, de abacaxis, de graviolas, de jabuticabas, de tamarinas, de laranjas, de carambolas, de limões, de pitombas, de abacates, de pinhas, de frutas-do-conde, de cocos verdes, de pitombas. Centenas das fruteiras servem de remédios. Curam problemas de saúde. Com o chá das folhas. Os carros velozes ao lado das farmácias naturais.
A medicina está em busca de cura por meio das plantas. Acredita-se: esta iniciativa é uma busca de sabedoria milenar. Sabedoria bíblica. O início da história da humanidade.
Os filhos de Deus tinham uma vida longa. Chegando a atingir a idade de quase mil anos. Se somos natureza, não se surpreendam, caros leitores de contos, com uma vida longa. Tudo tem a ver com os segredos da natureza sagrada. Caso não tenha havido esta época de ouro, haverá?
Está escrito, segundo as palavras do antigo Testamento. Cainã viveu 70 anos e gerou Maalaléu. E viveu Cainã, depois que gerou Maalaléu, 840 anos e gerou filhos e filhas. E assim por diante até Noel.
Curar problemas de saúde com chás de folhas de plantas não é novidade. Principalmente, no interior do Brasil. Surpreendi-me com a revelação. Assim falou a personagem.
Tranqüila. Com bastante tranqüilidade, falou da cura da diabete. Estava curado com um chá da raiz de uma árvore. Foi grande a surpresa diante das dificuldades de qualquer tratamento de problemas de saúde.
De repente, um mal incurável, ser tratado com um simples chá. Duvidei. Ela falou sério:
- Foi curado. Assim como a pessoa que me indicou esse chá.
Centenas de fruteiras servem de remédios curativos. A medicina poderá dar continuação a esta iniciativa.
Nos sítios brasileiros, preservam-se nossos alimentos, frutas que amadurecem em um pomar natural. A industrialização não alcançou ainda toda a natureza que permanece, em parte, intocável.
A cidade secular na qual nascera esta escritora de contos. Entre os moradores, encontrava-se, desde a origem de minhas memórias, uma filha das tristes páginas da escravidão. Conheci, na minha infância, Calu. Empregada doméstica da fazenda de meu tio José Ricardo, onde a cozinha de Carolina possuía derivações da cozinha africana, mesclada com elementos da cozinha indígena e portuguesa.
Calu. Comunicativa. Ingênua. Risonha. Tratava as crianças com um carinho extremado. Passou o tempo. Fiquei adulta. E Calu, sempre que se encontrava com aquela menina do tio José Ricardo, desmanchava-se em alegrias. Um dia, esta Calu viajou ao Juazeiro. Quis visitar a terra do Pe. Cícero Romão Baptista.
Em seu regresso, Calu esteve na casa da sobrinha de José Ricardo. Calu aflita. Preocupada com um de seus irmãos doente. Encontrou-o no fundo da cama ao voltar de Juazeiro. Desenganado pelos médicos. Calu chorou uma semana.
Uma semana depois do choro de Calu, Calu estava de volta. Feliz. Seu irmão recuperado da diabete. Um chá milagroso. De folhas de plantas que trouxe do Juazeiro. Recomendadas pelas irmãs devotas do meu padrinho.
Conto publicado em 21/05/2007
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