NÃO SUBESTIMAR

Pe. José Neto de França

“Não gosto de pessoas que subestimam o outro pelo seu grau de formação acadêmica. Há por aí muita gente, com canudo e ‘títulos’, a precisar de doutoramento em relações humanas!” (Frase coletada na internet)

Não sou muito adepto a frases de efeito, mas essa, ao vê-la durante um rápido acesso à uma “rede social”, foi mais como se ela quisesse que eu a visse, lesse e comentasse.

Pois bem! Vamos partir do termo “gostar”, utilizado no início da frase.

Trata-se de um verbo transitivo direto; vem do latim “gustare”, que significa, no sentido amplo, “tomar o gosto por”.... é o ato de considerar alguma coisa como aprazível, no caso da frase acima, colocada no sentido negativo, a pessoa.

Respeito a opinião do autor da frase, mas discordo do fato dele ter utilizado o verbo “gostar” (não gosto), quando se referiu a pessoas.

Acho que os verbos “concordar” (não concordo); ou “aceitar” (não aceito), se encaixariam melhor, tendo em vista que o verbo utilizado por ele, denota também, embora que implicitamente, um sentido de exclusão, discriminação...

Do ponto de vista cristão, “pessoas” são “semelhantes”, aceitemos ou não.

De um modo geral, independentemente de quem seja o outro, devemos ter respeito pelo que ele é, seus gostos, tendências, sua cultura... Isso não quer dizer que tenhamos necessariamente que aceitar tudo que ele faz ou diz. Tanto porquê, isso iria provocar uma ruptura nesse “gostar”. Não podemos ignorar o fato de que cada um de nós, também temos o nosso “jeito” de ser e não queremos ser discriminados por isso.

Subestimar uma pessoa pela sua não formação acadêmica é um erro crasso. Não é porque alguém teve oportunidades maiores que possa se achar acima de tudo e de todos. Ao contrário: por que não procurar colocar essa “cultura” acadêmica, quem a teve, à serviço daqueles que não a tiveram!?

Seria magnifico se compartilhássemos com os outros aquilo que temos a mais do que eles, e procurasse completar em nós aquilo que os outros tem e nós não temos!? Sim, só vamos nos completando, enquanto interagindo positivamente uns com os outros. Acredito que a felicidade passa por essa “porta”.

A arrogância é inimiga da humildade. A arrogância restringe, a humildade é abrangente... A arrogância dispersa, a humildade acolhe... A arrogância se apaixona, a humildade ama...

E, como sabemos, enquanto a paixão, facilmente pode se transformar em agressividade, ódio; o amor, tudo supera...

Certamente que se formos observar não somente nas redes sociais, mas no dia-a-dia da vida, vamos perceber, sim, muitos se “pavoneando” achando-se superiores com seus títulos acadêmicos, “arrotando” “conhecimentos” que, do ponto de vista humano-cristão nada lhe acrescenta no que diz respeito a capacidade de interagir com o próximo, independentemente de quem seja este.

Aí, sim! O autor da frase termina seu pensamento de forma espetacular quando diz: “Há por aí muita gente, com canudo e ‘títulos’, a precisar de doutoramento em relações humanas!”

Nesse ponto eu bato palmas... E você?

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