CHUVA: PRESENTE DE DEUS!

Pe. José Neto de França

No domingo do Bom Pastor deste ano de 2013, na homilia de uma das missas que celebrei naquele dia, numa das comunidades rural da minha atual paróquia, Santo Antônio de Pádua de Major Izidoro, diante de um bom número de fiéis, todos, pessoas simples que vivem quase que exclusivamente da agricultura, numa capela onde fazia um calor escaldante, em função do horário, 14h30 e do sol que brilhava lá fora no céu ainda azul, sinal do clima seco, mas com alguns resquícios de nuvens como que a anunciar proximidade de chuvas, falava sobre o que Jesus Cristo disse no Evangelho: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão” (Jo 10,27-28), fazendo também uma ligação com os outros evangelhos dos domingos anteriores desse tempo pascal, centrando tudo na necessidade da busca – leitura e escuta – da palavra de Deus.

Enquanto falava, observava cada um dos presentes, a atenção com que eles ouviam. Percebia também, pelos seus semblantes, sinais de muita fé, mas também de sofrimento em função das dificuldades decorrentes do período de seca que assolava a região.

Falei que “escutar” a Deus vai além do ouvir puro e simples. A obediência ao Pastor Eterno, Jesus Cristo, só é possível se o homem colocar a Palavra de Deus no seu coração, na sua vida. E, para que isso seja possível, necessita ir a essa mesma Palavra, não por uma obrigação, mas por necessidade que tem dela. Isso é seguir Jesus.

Disse também que o verdadeiro fiel, aquele que pertence ao redil de Jesus Cristo, Bom Pastor, por mais difícil que seja o momento que esteja vivendo, nunca perde a esperança. Aqui citei o período de seca que o nordestino está enfrentando. O momento é duro, cruciante. Para quem vive uma fé apenas sentimental, tende a entrar em desespero e cometer tolices, colocando em risco a si mesmo, a família, a sociedade, além do afastamento de Deus. Já para aquele que vive uma fé comprometida, enraizada na Palavra de Deus, nunca vai perder a esperança; sabe que Deus agirá não no momento do homem, mas no momento dele. Aí está a grande diferença.

Enfim, exortei-os a continuar rezando, individual e coletivamente, confiando em Jesus, Bom Pastor, buscando sempre sua palavra.

Ao final da celebração conversei com vários dos presentes sobre os problemas da comunidade, particularmente sobre a seca.

Retornando a sede paroquial, percebi que nuvens de chuva “acanhadamente” se aglomeravam no “céu”. Na manhã seguinte, segunda-feira, amanheceu chovendo. Verdadeira bênção divina. Fiquei a imaginar aqueles rostos que na tarde do dia anterior estavam apreensivos e que agora deviam estar sorrindo. Afinal, a chuva, presente de Deus, trouxe-lhes vida. Veio a minha memória esse verso:

Bonito é ouvir uma canção
quando ela toca o coração!
Prazer é ler uma poesia
Composta com maestria!
Belíssimo é ver e rever amigos
Sejam eles, novos, antigos!
Mas nada se compara ao som da água,
Sereno, invernada ou trovoada,
Caindo do “céu”, trazendo vida,
Dando esperança à humanidade sofrida!

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