QUANDO HÁ LUZ

Luciene Amaral da Silva

Quando você assiste o filme infantil "A noiva cadáver", feito em 2005 por Tim Burton, inicia-se o diálogo com a criança sobre o que é feminicídio. Muitas meninas e muitos meninos não sabem do que se trata e por incrível que possa parecer, muitos adultos também não.

Definido como o homicídio cometido contra mulheres motivado muitas vezes por violência doméstica ou por questão de gênero, ou seja, o fato dela ser mulher, a luta contra ele deve estar presente em todos os espaços sociais.

A lei 13.104/2015, conhecida como lei do feminicídio, alterou o Código Penal acrescentando o crime de homicídio contra a mulher, uma das conquistas dessa batalha.

Só que essa discussão deve começar primeiro em casa, nas famílias para não deixar nem o pensamento e nem o sentimento de ofensa a mulher se criar.

Primeiro, temos que tornar a família um lugar saudável. Mães e pais criem seus filhos para não bater ou matar mulher, mães e pais criem suas filhas para não aceitar espancamento, violência verbal como algo natural. Sempre haverá uma saída, por mais que não consigamos ver no momento por conta da situação, sempre aparecerá uma porta.

Temos nas famílias diversos protótipos estereotipados que talvez o espaço seja curto parta descrição:
1. Existe família que o pai é agressor da mãe e das filhas, mostrando com o exemplo ao filho que ele também poderá fazer aquilo quando crescer que é permitido.
2. Tem família que não pratica a violência doméstica no tocante ao espancamento, mas aplica violência verbal com xingamentos, humilhações, obrigando mãe e filhas a fazerem situações desprezantes.
3. Existe família que nem espanca, mas apoia quem faz isso porque "mulher só serve para apanhar ou ser escrava".
4. Existe a família que tanto pelo gesto, quanto pelas palavras ensina a seus filhos e filhas que essa violência não deve existir nunca, que homens e mulheres devem ser tratados com respeito, que devemos muito ao papel desempenhado pelas mulheres na sociedade, em casa, que mulher não é objeto de adorno e de cobiça, que mulher não tem sentimentos, que pode ser assassinada.

Mulheres, vamos educar as crianças meninos para respeitar as mulheres, a educação deles está sob nossa orientação, então cabe também a nós. é necessário lutar contra a ideia de que a mãe tem que ensinar o filho a ser homem. Devemos construir um pensamento que ser homem não inclui nem bater, nem matar mulheres.

Não vamos criar um homem que vai matar uma mulher depois, vamos quebrar esse circulo. O fato do menino respeitar a figura da mulher o fará mais homem que os que acreditam que o símbolo da masculinidade é bater em mulher.

Chega! Mães vamos nos unir na criação dos meninos, mesmo naqueles casos que os pais não permitem a gente encontra uma brecha. Vamos ensinar os filhos para que eles não façam com suas companheiras aquilo que muitos dos parceiros estão fazendo hoje. Nós podemos lutra para diminuir esse número. Não podemos ser coniventes com o cenário do feminicídio.

Escolher uma nova forma de pensar a criação dos nossos filhos nos fará ver que sempre haverá uma luz.
E também, sempre seremos gratas aos homens que juntamente conosco, engajam essa luta de dizer: Basta de matar, basta de espancar, basta de violência contra a mulher.

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