SENHORA DA ASSUNÇÃO E GUADALUPE

Djalma Carvalho

Fazendo a conta, hoje, já se passaram 120 anos, senão mais, da construção do monumento-capela dedicado à Nossa Senhora da Assunção, em Santana do Ipanema, em comemoração da passagem do século 1899-1900.
A construção dessa capela deveu-se ao padre político Manoel Capitolino de Carvalho, nascido em Piaçabuçu, Alagoas, que chegou a Santana do Ipanema em 1898, nomeado, então, vigário administrador da paróquia, dela se desligando em janeiro de 1919.
Para a construção dessa capela, em obediência à mensagem papal nesse sentido de Leão XIII, o padre Capitolino contou com a participação de comerciantes e lideranças da cidade, além da empolgante promessa de trazer de Portugal a imagem de Nossa Senhora da Assunção.
Segundo escrito de 31/7/1996 de autoria da saudosa historiadora Nilza Nepomuceno Marques: “... o papa tinha projeto de erguer monumentos à Nossa Senhora e ao Coração de Jesus em localidades longínquas, para incentivar romaria de fiéis, devoção, e acender a fé do povo sertanejo.”
Presume-se que o padre político teria sido indicado para a paróquia de Santana do Ipanema com a influência política do seu cunhado, coronel Luiz Gonzaga de Souza Góes, intendente de 1895 a 1914. No período seguinte, 1914-1915, o padre Capitolino exerceu o cargo de intendente. Depois, eleito senador estadual, cargo que exerceria no período de 1915 a 1922. Residindo em Maceió, o padre senador, certamente por sua indicação, o bispo mandava padres substitutos para a paróquia de Santana do Ipanema, por um mês, dois ou três meses. Depois, viriam outro e mais outro, assim por diante, segundo relato da referida historiadora, até a nomeação definitiva do padre Bulhões, pároco da cidade, a partir de 12 de janeiro de 1919.
No livro No Meu Tempo de Natal, de autoria da alagoana Maria Nilza de Melo Sá, página 62, leio que a data de 12 de dezembro é dia de Invocação à Nossa Senhora de Guadalupe.
Diz a história de conquista do México, que em 1531, “missionários tinham pouco êxito na evangelização e conversão dos novos povos, em grande parte pelo mau exemplo dos que, chamados cristãos, abusavam dos nativos.”
Em 9 de dezembro de 1531, a Virgem de Guadalupe apareceu ao humilde índio, chamado Juan Diogo, recomendando-lhe que pedisse ao bispo a construção de uma igreja no lugar de sua aparição, no sopé do monte Tepeyac, onde foi edificada a Basílica de Guadalupe, ao norte da Cidade do México, local de culto da imagem da Virgem de Guadalupe.
Em data de 12 de dezembro de 1531, em nova aparição ao aflito e convertido índio, a Virgem de Guadalupe quis deixar sua imagem em singela tilma, de tecido indígena, “como sinal do amor a Deus para com os crentes e não crentes”.
E tudo foi feito, conforme pedira a Virgem Santa Maria, Rainha do Céu, padroeira do México e da América Latina.
Como belo exemplo, o saudoso padre Delorizano Marques da Rocha legou à comunidade católica de Santana do Ipanema o santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, construído no início da rua Maria Lila Carvalho, à margem da BR 316, para comemorar a passagem do século 1999-2000, inaugurado em primeiro de janeiro de 2001.
Em viagens que faço a Santana do Ipanema nunca encontro o referido santuário aberto ao público, para uma prece, oração, ou, curiosamente, para conhecer a imagem da Virgem de Guadalupe, ali guardada.
Registre-se, afinal, que não há placa indicativa da rua do santuário, fato que se repete com outras ruas da cidade, certamente por desleixo ou esquecimento da municipalidade. Ressalte-se, porém, que o lamentável lapso não invalida ou empana a boa administração que faz a prefeita Christiane Bulhões.
Maceió, dezembro de 2023.

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