A CERVEJA E O VINHO

Djalma Carvalho

Quando alguém se debruça sobre a história da cerveja e do vinho, descobre que a origem dessas deliciosas bebidas remonta à antiguidade. Verdadeira simbiose há entre a cerveja e o vinho, bebidas milenares. Dizem que “o vinho é o néctar dos deuses”, enquanto que “a cerveja é bebida antiga e divina”.
Disse Santo Arnaldo: “Do suor do Homem e do amor de Deus veio a cerveja ao mundo.” Para Benjamin Franklin: “A cerveja é prova viva de que Deus nos ama e nos quer ver felizes.”
Sobre o vinho, disse Platão: “O vinho é medicamento que rejuvenesce os velhos, cura os enfermos e enriquece os pobres.” Para Robert Louis Stevenson: “Um bom vinho é poesia engarrafada.”
Lá pelos anos de 2100 a.C., a cerveja já era usada pelos egípcios e pelos mesopotâmicos como medicamento e como complemento alimentar. Fazia parte da identidade cultural e religiosa desses povos antigos, que descobriram essas propriedades na cevada, no lúpulo, entre outros cereais.
A cerveja é bebida popularmente conhecida no mundo inteiro. Deve ser a mais apreciada pelo habitante de países ou regiões de clima quente e temperado, sobretudo no verão.
Imprecisa é a origem histórica e religiosa do vinho, variando em cada cultura. Teria surgido entre 7000 a.C. e 5000 a.C.
O vinho é mais apreciado nos países de clima frio, nas regiões serranas, no inverno. É bebida para ambiente mais requintado, reservado, cerimonioso, com observância de ritos especiais de degustação.
Dito isso, passemos para o mote reminiscências, que é uma das preferidas ferramentas literárias de cronista que deseja passear pelo saudoso passado.
Algumas vezes durante o ano, retorno a Santana do Ipanema para rever familiares, amigos e participar de festas. A festa da padroeira, por exemplo, tem a saudável mágica de reunir santanenses que deixaram a santa terrinha e passaram a residir em outras cidades, em busca de emprego, de melhores condições de vida e de outras tantas emoções.
No elegante baile no Tênis Clube Santanense, lá estou eu a abraçar e cumprimentar velhos amigos e a dançar ao som de boa orquestra. Vez por outra, sentado e bebericando, ponho-me a fazer algumas reflexões com o olhar a girar pelas atuais dependências internas do clube, observando as modificações ambientais realizadas ao longo dos anos que se passaram. Vejo o palco que por três vezes mudou de local; o mezanino construído; nova secretaria e nova porta de entrada; a quadra de esporte que desapareceu; e a nova localização dos sanitários.
O antigo sanitário masculino, por exemplo, localizava-se nos fundos do clube. Uma distância enorme do piso das mesas. Incômoda e longa caminhada para alguém que quisesse utilizá-lo às pressas, no sufoco, depois de alguns copos de cerveja.
Ao referir-me à localização do antigo sanitário masculino, lembro-me da justa reclamação que sempre fazia um grande amigo e colega do Banco do Brasil, por ocasião dos bailes do clube.
Emérito apreciador de cerveja que era ele, dizia-me que, ao retornar do sanitário e pela longa distância percorrida, nem ao menos havia tempo de voltar a sentar-se à mesa ou dançar. Novamente estava ele com vontade de urinar. Tome vontade de urinar e tome nova caminhada!
Pois é. Imoderado tomador de cerveja tem que passar pelo incômodo de pontual incontinência urinária. Por essa razão e outras mais, a conterrânea Socorrinho deixou de beber cerveja e passou a beber vinho, dizendo-me: “Não obstante deliciosa, a cerveja faz a gente mijar demais!”

Maceió, março de 2015.


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