Blogs: Um casal inesquecível

Literatura

Por João Neto Félix Mendes - www.apensocomgrifo.com

Na cidade onde cresci, havia um casal que sempre será lembrado com carinho e admiração. Seu Esperidião e Dona Ritinha eram figuras ímpares, cujas vidas tocaram muitos corações, incluindo o meu. Moravam numa casinha modesta na rua Benedito Melo, próximo ao bairro São Pedro.

Naturais de Quebrangulo, vieram para Santana porque seus familiares não aprovaram o casamento e também em busca de trabalho para iniciar a nova vida. Seu Esperidião, quando aqui chegou exerceu a profissão de vendedor pracista de medicamentos e serviços básicos de primeiros socorros. Como andava muito pela cidade oferecendo seus serviços, aproximou-se de Bartolomeu Barros, de quem ganhou confiança e mantiveram amizade até o fim da vida, inclusive deles cuidavam como se fossem sua família.

As dificuldades financeiras dos recém-casados eram evidentes. Mesmo com os trabalhos, os recursos eram insuficientes para pagar o aluguel nas datas aprazadas, sendo repreendidos pelo proprietário. Bartolomeu Barros, sabedor dos constrangimentos, comprou o imóvel, cedendo-o ao casal por tempo indeterminado.

Seu Esperidião foi perdendo a visão paulatinamente até a cegueira total. Apesar de sua deficiência, era um homem de espírito independente e carinhoso. Frequentemente usava óculos escuros. Vestia-se com elegância: calças de linho e camisas de mangas longas. Seus cabelos brancos eram bem cuidados e regularmente aparados. Nos fins de tarde, sentava-se à porta sentindo o burburinho das pessoas pra lá e prá cá e a brisa leve do vento macio e, no seu íntimo, sentia-se realizado e sem arrependimentos da vida que levava.

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