A FLORADA DA CRAIBEIRA!

Crônicas

Manoel Augusto de Azevedo Santos

Luiz Gonzaga, um grande ídolo do Nordeste, cantava com toda a sabedoria: “Mandacaru quando flora na seca é sinal que a chuva chega no Sertão”! Pois muito bem, a craibeira florada em toda a sua plenitude é sinal que vem água rio abaixo. Se vem água rio abaixo é porque as torneiras do Céu estão prestes a se abrirem. Esse fenômeno antecipa as esperanças de um bom inverno para breve.

A craibeira é uma árvore de porte elevado, se destaca na caatinga pela sua elegância, pela beleza paisagística e pela capacidade de criar micro-climas. Também, merece destaque na craibeira a nobreza da sua madeira, muito usada para confecção de carros de boi (chedas, palmatória e cantadeiras), de móveis e portas, razão da sua ameaça de extinção.

A craibeira, eleita a árvore símbolo de Alagoas, torna à sua volta um lugar acolhedor de variadas espécies da fauna sertaneja, principalmente aves, entre elas as rolinhas, os juritis, a asa branca, as jandaias e periquitos e os galos da campina, esses últimos, simbolizando as aves alagoanas.

Quando em pleno sertão nordestino avistamos uma craibeira florada, sentimos grande alento, como se no deserto avistássemos um oásis, é certeza de que a água está bem próxima. E, se há água, há vida e a nossa poderá ser reanimada.

A craibeira começa a florar no mês de novembro se prolongando em dezembro, às vezes até janeiro, como se anunciasse o Natal e a chegada de um novo ano com todas as suas dádivas.

Para o sertanejo a maior delas é um bom inverno, para que ele possa continuar cultivando a sua subexistência e a da família. O professor Deladier Pessoa Cunha Lima, diretor-geral e professor da Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte – FARN, enumera o que ele chama “árvores de natal”: flamboyants, algodão silvestre, mungubeiras, pau-brasil, ipês, jambeiros, cajueiros, mangueiras, oitizeiros, castanheiras e craibeiras, em cada uma ele destaca as suas belas propriedades, destacando as nuanças multicolores, que vão do vermelho sangue ao roxo/lilás, passando pelo amarelo ouro do pau brasil e da craibeira e porque não registrar a catingueira nossa de cada dia!...

Com tantas belas árvores saudando o Natal neste Brasil tropical, bem que poderíamos dar uma folga aos pinheiros transplantados das plagas temperadas do planeta e elegermos a nossa própria, e “brasileiríssima”, “sertanejíssima”, ÁRVORE DO NATAL”, do nosso Natal. Como diz o Professor Deladier, estas não precisam de enfeites artificiais, que sejam “lantejolas, plumas ou paetês”, elas com seus atributos tempestivos já estão prontas para viver o Natal, nos ofertando frutos deliciosos, como o caju, a manga ou o jambo ou a beleza majestosa das suas flores. Essas me parecem, como ao Professor Deladier, as verdadeiras “ÁRVORES DO NOSSO NATAL”!!!

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