VIAJAR É BOM, A PASSEIO MELHOR AINHA!

Crônicas

Sergios Soares de Campos

A convite de um velho amigo estive viajando desde a última quinta-feira (27) até ontem (29), visitando algumas cidades do vizinho Estado de Pernambuco.

Entre tantas que visitamos, posso citar Petrolina, Serra Talhada, Triunfo e Águas Belas.

Nossa primeira parada foi Petrolina, há 500 km de Santana do Ipanema. Éramos cinco, apenas eu não conhecia Petrolina, apesar de os outros terem ido lá há bastante tempo. Sempre me lembro de Petrolina pelo fato de meu irmão Francisco Soares ter trabalhado na Rádio Rural São Francisco AM, isso há quase 30 anos, algo que os santanenses sempre se orgulharam, pois naquela época Petrolina já estava em pleno desenvolvimento, e ter um filho de Santana se destacando lá fora era motivo de alegria, isso porque existiam poucas rádios em nossa região.

Hoje com 280 mil habitantes, Petrolina é uma cidade que encanta pela beleza preservada, apesar do crescimento rápido, sem deixar de levar em conta os 240 mil habitantes de Juazeiro da Bahia, pois apenas uma pequena ponte os separa. Certa feita estava de visita a cidade do Rio de Janeiro e ao entrarmos num bar, eu e meu irmão Fernando, o mesmo me falou algo, ao voltar do toalete, que nunca esqueci: “Sérgio, quer saber se a cozinha de um restaurante é limpa, observe o sanitário”. Constatei a veracidade dessa afirmativa depois desse alerta, por diversas vezes. Hoje passei a analisar o perfil social de algumas cidades, principalmente o centro onde se concentrar boa parte de sua economia, a partir da observação de alguns detalhes. Quando comecei a andar a pé em Petrolina percebi imediatamente a ausência de mendigos e crianças no trânsito, pedindo ou vendendo algum produto, essa análise não pode ser feita em shopping centers, pois os seguranças são treinados para evitar o acesso de pessoas “mal vestidas”. Outra coisa que me chamou a atenção foi a educação no transito por parte dos motoristas, algo que estava acostuma apenas a ouvir falar, em cidades como Brasília e Curitiba. No centro de Petrolina quase não se observa semáforos, são usados apenas faixas de pedestre, algo que o motorista respeita logo que alguém põe o pé na faixa.

A cidade de Petrolina dá exemplo de como a agricultura pode mudar qualquer economia. Hoje saem de Petrolina para todo o Brasil muitas frutas. Alem de ser a maior produtora de manga; muitas vinícolas já fazem parte da economia daquela região que há bem pouco tempo jamais imaginava estar nessa condição. É bem verdade que também observei que Petrolina tem um mal que não é só brasileiro, mas mundial, uma disparidade social, ou seja, uns poucos com muito e outros muitos com tão pouco.

As cidades pernambucanas que visitamos também tiram bastante proveito do turismo e da culinária nordestina, tanto que passamos esses três dias nos alimentando à base de carne de bode. Até um bodódramo foi criado em Petrolina. Lá, toda culinária é à base de carne de bode: picanha, hambúrguer, lasanha, etç. Você viaja quilômetros e quilômetros encontrando bodes na pista. Fazia tempo que eu não via tantas terras sem cercas.

Além de tudo isso, Petrolina também possui algo que todas as cidades nordestinas têm: a cordialidade de seus habitantes, algo que defendo termos herdado dos nossos primeiros habitantes, os índios.

Confirmamos essa gentileza no final de nosso roteiro. A última cidade que visitamos foi Águas Belas, e aproveitamos para dar uma passada na aldeia da Tribo Fulni-ô, onde fomos muito bem recebidos. Os Fulni-ô são o único grupo do Nordeste que conseguiu manter viva e ativa sua própria língua - o Ia-tê - assim como um ritual a que chamam Ouricuri. Por coincidência ao chegarmos à aldeia os índios estavam se preparando para começar o tal ritual. Neste domingo (30) acontece uma grande festa onde todos, brancos e índios, podem participar, porém a partir de amanhã, até os próximos noventa dias começa o isolamento dos Fulni-ô. Há uma norma entre eles, aonde todos são proibidos de falar sobre o ritual.

Vale a pena descobrir o Nordeste, um lugar rico em belezas naturais; cultura; culinária, e bastante acolhedor.

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