PADRE CÍCERO JÁ DIZIA: FALAR SOZINHO, PODE SER SINAL DO FIM DOS TEMPOS!

Crônicas

Fabio Campos

Outro dia fui surpreendido por minha octogenária mãe, com o seguinte comentário: - Bem que o padre Cícero do Juazeiro dizia: “Vai chegar um tempo em que as pessoas, mesmo cercada por outras, vão andar falando sozinhas!”

Ao que eu, não entendi de imediato. Mas ela se apressou em esclarecer. –Olhaí! Vocês com esses celular (Referia-se ao telefone)... Parece ou não parece, um bando de malucos falando sozinhos? Disse sorrindo da constatação que acabara de fazer.

Esse comentário levou-me a refletir. E a concluir, com uma certa dose de tristeza, e melancolia, que essa verdade trazida à tona por minha mãe, vai muito além de uma simples premonição feita pelo padre do Juazeiro.

Façamos juntos uma análise. Ao entrar, em qualquer instituição pública ou privada, tais como: INSS, Bancos, Correios, Receita Estadual, Federal, Escritórios, Consultórios, e etc. O que se observa. Os funcionários que ali estão pra fazer atendimento ao público: Todos, sem exceção, estão manipulando algum tipo de Computador. Mas, o que é mais grave: Suas atenções estão totalmente voltadas para a Máquina Cibernética. Seus semblantes estão iluminados pela luz que emana do monitor do micro. E quanto às pessoas, o Público? Ora, o público é segundo plano.

Todos falam, mas seus olhos não fitam seus interlocutores, estão fixos na tela da máquina: O Computador. Este tipo de atitude já comete o desatino de chegar aos consultórios médicos. E já não se fazem mais consultas como antigamente. O médico agora está preocupado com a digitação dos dados e Sintomas do paciente, num computador. E todas suas atenções estão voltadas pra ele: Sua Excelência o Computador!

Num Banco, por exemplo: As pessoas, na fila de espera quase não se falam, mas diante da maquininha tem delas que conversa, literalmente.

E quanto ao Atendimento “Personalizado”. O que há de pessoal ali, nada! Prevalece a frieza, o distanciamento, e as atenções são todas pra ela: A máquina. É Ela quem dita às regras. Se sua proposta será aceita, se o dinheiro será liberado. A máquina é quem dá o veredicto. Ela decide. Ela tem o poder!

Até o vigilante, parece não olhar pra pessoas. Seu olhar foi treinado para analisar comportamentos e atitudes suspeitas. Quanto às pessoas, observa apenas trajes e objetos que estejam portando. E comunica-se melhor com um Radiofone que com um cliente!

E numa praça, o que se observa? Um grupo bem diversificado de pessoas: Jovens, estudantes, crianças, executivos, vendedores de CD’s, pipoqueiro, idosos, babás com bebês, etc.

Analisemos, atentamente: Os jovens estudantes, em quase sua totalidade, ou falam a um Celular ou estão manipulando algum tipo de aparelho eletrônico: MP3 com Headfones nos ouvidos, crianças manipulam Mini-Games, O executivo se ocupa com um NoteBook, a babá curte um Microssistem. O vendedor de CD’s curte um DVD com Micro-monitor de LCD, o pipoqueiro se distrai com um Wolkman.

E até um casal de namorados! Ao invés de estarem aos beijos e abraços, se detêm a olhar fotos, armazenadas numa Máquina fotográfica Digital. E o idoso, fica de fora? Nada disso! Com certeza está sendo monitorado por um Bina ou Bip eletrônico!

Diante dessas circunstâncias a conclusão a que chegamos é que: As coisas que estão acontecendo lá, num mundo virtual, parece ser, muito mais interessante, do que todas as coisas que estão se passando em volta das pessoas, no mundo real. Será que estamos todos, cada vez mais alienados?

Se ligue aí meu irmão! Aliás, desligue-se, de toda essa parafernália cibernética.

Dê valor ao próximo quando ele estiver próximo. Ao falar com alguém olhe nos olhos. Não fique olhando pra o computador ou sei lá o que! É só uma máquina!

Quantas vezes negligenciamos uma atenção a alguém que está ali do lado. Atenção da qual, todos necessitamos: Um gesto fraterno. Um aperto de mão. Um afago na cabeça. Um abraço. Um cumprimento sincero: Um Bom dia! Um sorriso! Não custa nada! E para muitos, era tudo o que mais queriam...FELIZ PÁSCOA!

Santana do Ipanema - Al, 14/04/2009

Comentários